ALEXANDRE FILHO
Cabo Frio é conhecida pelas belas praias e paisagens, e por ser uma cidade muito mais pacata do que a capital Rio de Janeiro. Estes atributos trazem a qualidade de vida necessária para impulsionar o mercado imobiliário da cidade, que crescia de forma constante nos últimos anos. Porém, em 2018, o preço do metro quadrado de apartamentos e casas sofreu queda em relação ao ano anterior. O fenômeno, segundo profissionais do ramo, tem origem na crise do país e no momento político conturbado, tanto nacional, quanto municipal.
Segundo dados de uma pesquisa realizada pelo Sindicato de Habitação do Estado do Rio de Janeiro (Secovi), que serão apresentados na quarta edição do Cenário do Mercado Imobiliário de Cabo Frio, no período compreendido entre maio de 2017 e maio de 2018, o metro quadrado dos apartamentos teve variação de -1,2% em média. Apesar disso, alguns bairros tiveram valorização, como o Peró (+4,5), Centro(+2,4) e Algodoal(+0,9). O resto sofreu queda, inclusive a Praia do Forte, que tem o metro quadrado mais caro da cidade, que depois de uma desvalorização de -1,7%, passa a valer R$ 10.051.
De acordo com Wagner Lucas, da Consultoria Imobiliária Empresarial, o fenômeno tem origem na crise em âmbito nacional, estadual e municipal. Além disso, o clima político instável também atrapalha e cria uma “bola de neve negativa” para o mercado imobiliário.
– Acho que essa queda se deve a crise do país, do estado e também do município. Estamos passando por problemas de infra-estrutura, de política e de segurança. De uma certa maneira, isso tem afetado um pouco o comércio de apartamentos e casas. Essa questão toda da cidade não estar em bom momento político, em termos de investimento e rentabilidade de negócios ligados ao comércio em geral, acaba acarretando essa desvalorização dos imóveis residenciais. É uma bola de neve negativa – disse ele, que vê uma mudança significativa nos preços dos imóveis por conta da desvalorização.
Assim como os apartamentos, as casas de rua, que no ano passado chegaram a valorizar 5%, neste ano tiveram uma redução no preço do metro quadrado de 8,5% em média. Apesar disso, o Novo Portinho, bairro situado nos arredores do Shopping Park Lagos, teve valorização de 8,2% no metro quadrado, que de R$ 4.702, passou a valer R$ 5.088. No mesmo período, o bairro do Foguete, conhecido pelas casas à beira mar, também se valorizou em 3,6%, passando a valer R$ 4.387.
Patrícia Cardinot, empresária do ramo imobiliário, também vê influência da crise e do momento político nos números do mercado cabofrienses de imóveis. Apesar disso, a queda em ambos os segmentos, tanto de apartamentos quanto de casas, segundo ela, pode representar um aquecimento nas vendas.
– As vendas vão aquecer, porque tem muita gente que está abaixando os preços por conta do momento que estamos passando. As pessoas aqui valorizavam muito o metro quadrado, que estava um exagero. Temos que tomar cuidado com as avaliações, que têm que ser feitas por imobiliárias registradas. O cliente não pode vender sem saber o real valor que o seu imóvel tem, para não ficar como ele parado por muito tempo. Os lançamentos estão tendo uma aquecida, com certeza, já os imóveis avulsos, aqueles usados, esses ainda estão mais parados – explicou.
O conselheiro efetivo do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci-RJ), Jorge Murillo, discorda do pensamento dos dois colegas do ramo, e afirma que a queda atual é insignificativa e não representará mudanças nos preços, e conseqüente aquecimento do mercado. Para ele, é necessário que haja uma queda maior para que o mercado saia da atual estagnação.
– Na verdade o que eu sinto é que essa é uma queda muito pequena, irrisória. A queda deveria ser maior, para que as vendas voltassem a aquecer, porque o pessoal está fora da realidade e os preços estão muito altos. As pessoas ao invés de abaixar os valores, estão aumentando. Apenas 1% não significa nada. O mercado está paralisado, estagnado, andando de lado, porque os corretores não sabem trabalhar o vendedor – declarou.
Cidades da Região dos Lagos têm alta
Apesar de ser a cidade mais conhecida e visitada da Região dos Lagos, ainda assim Cabo Frio não tem o metro quadrado mais caro da região. Ainda de acordo com os dados divulgados pelo Secovi, este posto é ocupado por Arraial do Cabo, que teve desde o ano passado teve valorização em seus apartamentos de 5,8% e nas casas de 11,8%. O preço do metro quadrado na região é de R$ 6.806 para os apartamentos e R$ 4.025 para as casas.
Em Saquarema, o cenário também é diferente do visto em Cabo Frio, mas os preços são mais acessíveis. Na Capital do Surfe, o valor médio do metro quadrado de apartamentos subiu 11%, enquanto o de casas aumentou expressivos 13,3%. Ainda assim, os valores do metro quadrado dos apartamentos (R$ 3.507) e casas (R$ 2.729) se mantém mais baixos e acessíveis do que a maioria das cidades da Região dos Lagos.