Ykenga, de certo, é um nome estranho, mas não é um estranho nome para os brasileiros. Na África, significa um fenômeno que deixa animais agitados. No Brasil, é sinônimo de um ácido bom humor jornalístico. Desse modo, o cartunista e chargista menos conhecido como José Bonifácio de Mattos participa do Festival de Curtas de Cabo Frio, que acontece no Teatro Municipal, na noite de hoje, às 20h, com entrada gratuita. Durante o evento, ele autografa seu mais novo livro, “Casa Grande & Sem Sala”, pela editora Nitpress.
Pelo visto, os chargistas são bem unidos. Prova disso é que o prefácio fica na conta do colega de profissão, Chico Caruso — de ‘O Globo’. A obra reúne dezenas de cartoons que, com bom humor e a fina ironia peculiar de Ykenga, trata de questões sociais envolvendo os negros no Brasil, desde o descobrimento, em 1500, até os dias atuais.
— O sarcasmo dá o tom da crítica social presente nos desenhos, em que temas como escravidão, preconceito e injustiça são tratados sem rodeios — diz o autor.
Destinado ao público em geral, o livro desperta também grande interesse dos adolescentes. Para Ykenga, isso se dá tanto pelo impacto das ilustrações como pela empatia com a realidade social desenhada, o que o torna um bom instrumento paradidático na abordagem da temática afro-brasileira pelas escolas.
Ykenga — Pseudônimo adotado nos primeiros contatos com a avó africana, Ykenga começou sua carreira no falecido semanário ‘O Pasquim’, do qual fizeram parte os maiores nomes da charge brasileira, tais como Ziraldo, Jaguar, Henfil, além de personalidades como Caetano Veloso, Chico Buarque, Ruy Castro, Millôr Fernandes, entre outros. Passou ainda por vários jornais, como O Dia, Última Hora e O Fluminense. Atualmente, atua no jornal Extra, além de militar, desde os anos 80, na causa do movimento negro.