– Vai à festa hoje, galo?
– Quié do cara! Nada, bobo!
– Então vamos logo porque vou me acabar!
– Haaam! Cala boca!
Para os não iniciados, o dialogo acima pode soar incompreensível, afinal poucos povos são tão peculiares como o cabista. Afeitos aos ‘causos’ que remontam a época da antiga vila de pescadores, então ainda um longínquo distrito de Cabo Frio, os moradores de Arraial do Cabo têm um senso de humor muito particular, fato que se reflete diretamente no seu estilo de vida e, claro, nas criativas expressões e na maneira de falar.
Hábitos como o de vaiar as gaivotas (usca!) da Praia dos Anjos ou chamar alguém no diminutivo (‘elazinha’, ‘elezinho’) fazem parte da identidade cultural da população da cidade que completa esta semana 30 anos de emancipação política-administrativa. A Folha listou 17 verbetes. Confira!
GALO - Forma de tratamento entre cabistas.
É O GALO, ELE! – Expressão usada para exaltar (ou ironizar) alguém.
CALABOCA – Expressão que significa algo como “Puxa, nem me fale!”
QUIÉ DJELE OU DJELA (CORRUPTELA DE ‘DELE’ OU’DELA’) – Questionamento a alguém.
XÓ, QUE QUEIXA! – Que pena!
NADA, BOBO!– Algo como “Claro!”
PORROU NA LULA (ou na anchova) – Sinônimo de ‘mandar bem’, ter sucesso em algo.
USCA! – Representa o ato de vaiar, ‘patrimônio’
imaterial da cidade.
ATCHEZA! – Expressão usada na pesca que significar
puxar a corda da rede.
LASCA E BREIA – Abrir um pão e passar manteiga.
HAM! – Interjeição no ínicio da frase que dá ênfase a um comentário.
SE HÁ DE ME DOER UM DENTE – Frase que expressa indiferença ou “Tô nem aí!”
OEDJA! ou EU EIDJA! – Frase que expressa indiferença ou “Tô nem aí!”
TÁ ESTRAGADO – Comentário irônico para algo muito bom.
É RUIM DE TCHU, HEIN! – Negativa a uma pergunta.
TÔ TCHEZO! – Estou sem dinheiro.
TOMEI CAFÉ AGORA - Não quero fazer isso.
Leia esta reportagem completa na edição desta quinta-feira (14/05) da Folha dos Lagos.