É DE CASA – Cantora e compositora Roberta Espinosa tem relação com o Santo Samba desde o começo do evento, há oito anos - Crédito: Divulgação Duharte Fotografia

Dos terreiros e quadras, o velho samba foi parar na tela dos computadores, celulares e tablets, em tempos de pandemia de Covid-19 e de distanciamento social. É nesse novo momento que o Santo Samba promove a primeira live, neste domingo (30), a partir das 14h, no seu recém-criado canal do You Tube e pela página do evento no Facebook. 

A produtora Luciana Branco arregimentou o time de músicos que, dentro de todas as condições de segurança sanitárias, vai tocar clássicos do samba e do choro. Luciana conta que relutou em fazer o evento, por causa das despesas, mas que conseguiu tirá-lo do papel após receber o apoio de empresas parceiras. 

Com o setor de entretenimento e cultura parados, a produtora fala com preocupação dos artistas, que estão sem trabalhar. Durante as apresentações, o público poderá fazer doações, a título de couvert solidário, no valor de R$ 10,  na conta 10668754-5/ agência 0001 (Banco 260 - Nu Pagamentos S.A.). O QR code está disponível no Instagram do Santo Samba (@santosambaoficial).

– Resolvemos fazer o Santo Samba em casa, depois de tanto tempo parados, muito para poder matar a saudade e também poder ajudar. Temos músicos no grupo que vivem exclusivamente dos cachês e couvert, que precisam ser lembrados e ajudados. Estamos parados desde dezembro de 2019. Somos um evento cultural de total aglomeração. Com certeza, será o último setor a voltar à normalidade, mesmo que alguns gestores achem que já estamos assim. Não é momento de superproduções, exageros e falta de cuidado com o próximo. Simplificamos nossa roda, mas garantimos que será tudo muito gostoso de se ouvir  – antecipa Luciana.

Além das feras que estarão nas cordas, nos metais e na percussão, o Santo Samba em Casa receberá convidados especiais, como a cantora e compositora Roberta Espinosa, e o músico, compositor e arranjador Marcílio Lopes. No caso de Roberta, a trajetória se confunde com a do próprio evento, que completa oito anos em setembro. Com a experiência de já ter sido atração, anfitriã e apresentadora, a carioca não pensou duas vezes em trazer novamente a voz potente e afinada para Cabo Frio, onde vai passar alguns dias de descanso.

– Sempre fui recebida com muitos sorrisos e eu só tenho que agradecer pela oportunidade de poder retribuir, agora, nesse momento tão peculiar, todo esse carinho das pessoas da Região dos Lagos. Entraremos através dessa live, no lar do nosso público, na expectativa de levar alegria, amo, música, esperança  e o autêntico samba de raiz que o projeto faz questão de enaltecer e o faz com maestria. Samba é cultura, é arte e resistência e nós ainda podemos fazer a diferença, basta acreditar – frisa a artista, que transita entre o samba mais tradicional e o pagode romântico.

Se não terá o calor do canto do povo e o bailado suado dos corpos, a versão digital do Santo Samba promete não ficar atrás em termos de emoção. Luciana Branco enaltece a garra dos artistas da região, enquanto critica a falta de diálogo e o pouco caso do município com a Cultura. Com nova gestão na secretaria, a espera é por dias melhores. 

– Um grupo forte de artistas locais continua fazendo a diferença, lutando, trabalhando, se envolvendo na luta politico-cultural. É o que ainda salva nossa cidade. São artistas que não desistem, mesmo sendo tão desconsiderados – conclui a produtora.