Embora Amy Winehouse não habite o imaginário simbólico do feminismo como Frida Kahlo ou Simone de Beauvoir, é impossível negar que a potência de uma vida como a dela, intensa e livre dos enquadramentos de uma sociedade patriarcal, não seja, também, um forte símbolo de luta. Some a isso uma mulher do interior do Rio de Janeiro – musicista, professora e surfista – que nada contra as possibilidades para fazer sua música na Região dos Lagos, mãe, solteira e bem resolvida, e pronto, tudo o que você precisa saber sobre a luta feminina vem em forma de música, que você pode ouvir no tributo a Amy cantado por Suelen Jabbour, no sábado, a partir das 21h, no Espaço Santtos Closet Pub, em Cabo Frio.
Hoje aos 32, Suelen, moradora de Saquarema, cresceu nos meios tradicionais – escola, pretensão de faculdade de Turismo –, mas floresceu no artístico. Matriculou-se em escolas de música – dentre elas a Villa-Lobos –, onde aprendeu percussão, pandeiro e canto popular. Enveredou-se por teatro, circo e acabou desaguando no Carnaval do Rio de Janeiro – primeiro tocando no bloco Fina Batukada, depois no próprio, o Maracatu Relâmpago, criado pelo coletivo artístico de Niterói do qual fazia parte.
Quando engravidou, largou tudo e retornou para a região. Depois que a rotina de assentou, voltou a cantar – longe do alvoroço dos blocos, em bares aconchegantes da cidade.
Em 2010, integrou-se à banda Barato Total – um tributo à Tropicália, que rodou o Rio de Janeiro fazendo shows pequenos e médios. No entanto, no ápice, quando abriu um show do inclassificável Tom Zé, a banda se esfacelou.
Sobrou para Suelen retornar mais uma vez à Saquarema, onde acontecia etapa do WQS, o campeonato mundial de surf. Por lá estava também o cantor Gabriel, o Pensador, que se apresentaria nas festividades do torneio.
Foi aí que a música fez o chamado. Suelen também tocou no campeonato. Pensador, que estava jantando na hora, largou a mesa, apanhou o celular e passou a filmar o show da cantora local. Empolgado, convocou Suelen para dividir o palco com ele – juntos, cantaram “Get Up, Stand Up”.
Dos últimos acordes do reggae de Bob Marley até esta semana, dois anos se passaram. Mais experiente na música, Suelen carrega sua vivência para o palco para representar a potência de Amy.
– Sou muito intensa e apaixonada, por isso me identifico com muitas das suas músicas. Ela sofreu muito de amor, né?! Eu também – ri a cantora.
Serviço. O Espaço Santtos fica em frente ao Horto Municipal, no Portinho. Ingresso na hora: R$ 15; com nome na lista: R$ 10.