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POLÊMICA NO PALCO

Músicos aprovam discurso de teor político de Seu Jorge durante show em Arraial

Artistas cabistas destacam liberdade de expressão e democracia, mas apoiadores do presidente da República se irritaram com suposta referência

16 maio 2022 - 19h40Por Redação

Passada a maratona de atrações musicais dos festejos de aniversário, o assunto em Arraial do Cabo não foi outro nesta segunda-feira (16) que não o discurso feito pelo cantor Seu Jorge durante sua apresentação na noite deste domingo (15), que encerrou as festividades pelos 37 anos de emancipação político-administrativa do município. 

O teor político da declaração do artista, conclamando a união do povo brasileiro, não citou nomes, mas foi o suficiente para levar ao delírio os críticos ao presidente Jair Bolsonaro (PL), e irritar os seus seguidores, que viram uma suposta referência a ele, com o uso de palavrões.

Estava pensando, que bom esse clima. Sabe o que é esse clima? É a característica do povo brasileiro. E essa característica se apresenta toda vez que a gente tem a consciência que a melhor coisa a gente fazer é ser unido (...) Vejo um alento, uma resposta vinda do coração de cada um de vocês. Precisamos fazer uma revolução, mas uma revolução afetiva. Vamos se (sic) cuidar, cuidar um dos outros, vamos criar esse clima aqui. Todo mundo se respeitando, todo mundo numa paz, isso é que é bonito, isso é o meu país, essa é a minha gente, esse é o povo brasileiro. Vamos aproveitar a oportunidade que temos e vamos botar essa m... pra fora. Vamos botar essa m... pra fora que não é a gente, p... gritou, em meio à pausa na execução da canção 'Zé do Caroço'.

Nas redes sociais e nos grupos cabistas, muitas postagens criticaram e outras tantas elogiaram a atitude, mas de um modo geral, músicos locais ouvidos pela Folha apoiaram o artista carioca. Crítico do presidente e de sua gestão, o violonista e cantor Júnior Carriço viu a manifestação de Seu Jorge com naturalidade e disse que os apoiadores do presidente "vestiram a carapuça", pois seu nome não foi mencionado. 

Eu sei que os músicos para o Brasil são vozes. Mais do que para outros países, a música para o Brasil é muito forte. Em outros lugares, talvez os músicos não tenham essa transcendência, mas a gente tem, a gente é um fenômeno, uma potência musical e artística. É inevitável que esses caras tenham voz. Pra um lado e para o outro, só que a maioria está do lado contrário a Bolsonaro, o que seria uma incoerência não estar comentou. 

O também músico Rubinho Oliveira defendeu a liberdade de expressão  dos artistas, mesma para os simpatizantes do Governo Federal, embora também insatisfeito com a situação no país. 

Achei bastante pontual a fala dele e acredito que os artistas têm total direito, garantido pela liberdade de expressão, de se posicionarem, tanto a favor, como fazem alguns cantores sertanejos, donos de fazendas, como contra, como quem já foi pobre e sabe o momento que o país se encontra. A arte foi feita para expressar nosso sentimento, e o que se viu ontem foi um grito de muitos brasileiros que estão insatisfeitos de pagarem R$ 50 no quilo da carne, quase R$ 9 na gasolina, e se o Brasileiro não se unir, poderá ser ainda pior. Obrigado, seu Jorge, muito obrigado declarou. 

Na mesma pegada, o guitarrista João Pires disse que é preciso valorizar a democracia e respeitar as diferentes opiniões. 

Eu acho que é muito importante que os artistas se manifestem e deixem registrado o seu pensamento até porque são formadores de opinião. E acho que democracia é isso: as pessoas manifestarem seus pontos de vista com responsabilidade. Obviamente, eu já vi Gusttavo Lima se manifestar a favor do presidente; Zé Neto e Cristiano. Não sou a favor, óbvio, mas a gente respeita. E eu acho que o mais importante é se toda a população tivesse discernimento político e não votar apenas porque o artista X ou Y falou e sim buscar entender o que está acontecendo no país; qual benefício vai trazer candidato A, B ou C e ter liberdade para se manifestar, o que é mais importante. A gente tem que viver num país em que a democracia impere conclui.