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Laranja Mecânica chega ao Teatro Municipal de São Pedro

Peça dirigida por Anderson Macleyves faz mais uma adaptação do clássico do cinema

07 novembro 2015 - 13h56

E aí? Prontos para a boa e velha ultra violência? É preciso estar preparado. Porque uma das histórias mais impactantes do cinema abre as cortinas do espetá- culo horrorshow no Teatro Municipal de São Pedro da Aldeia. A peça ‘Laranja Mecânica’ será apresentada na próxima quintafeira, a partir das 20h. As entradas poderão ser compradas a R$ 10 (inteira). A adaptação é dirigida por Anderson Macleyves e as atuações serão do Grupo Cênico Acatelanos.

História e impacto social – Stanley Kubrick (1928-1999) desenhou uma Londres futurística – num futuro cada vez mais incerto pelo clima de tensão da Guerra Fria – não esprimida por duas superpotências, mas sim pelo embate entre livre-arbítrio e moralidade. Em 1971, no ano do lançamento de Laranja Mecânica, Estados Unidos e União Soviética espalhavam governos autoritários em busca de zonas de influência, mas também pelo controle ideológico de cada indivíduo. Dessa proposta do romance de Anthony Burgess (1962), com adaptação cinematográfica de Kubrick, surgiu Alex, um psicopata que abala a paz social com sua gangue de delinquentes juvenis.

Alex é um personagem intelectualmente desenvolvido, insensível às necessidades alheias, que procura diversão através de linxamentos e estupros. Um jovem rejeitado pela família e que se vê dentro de um espaço separado dos parentes no quarto, com uma cobra como fiel companheira e um pôster de Beethoven, o que evidencia seu gosto pela música clássica.

Se o indivíduo é tratado como brutal, o autor mostra que a violência também está enraizada na coletividade. Alex é traído pelos amigos e preso após assassinar uma mulher. Na prisão, ele é submetido como cobaia de um tratamento chamado ludovico – uma experiência com drogas para causar aversão a qualquer tipo de violência. E aí está a surpresa. Alex é solto e teoricamente ressocializado. O que ele encontra com sua nova liberdade? Uma sociedade sedenta por vingança e disposta pelas mesmas atrocidades que outrora havia sofrido. As vítimas de Alex acabam como seus carrascos. E o psicopata como um homem livre, mas com o pensamento preso.

A acidez da crítica à institucionalização da violência aparece quando o personagem principal se depara com os seus velhos companheiros, de farda. Novamente Alex prova do próprio veneno, que não é só dele, mas de todos.