RODRIGO BRANCO
Quando uma pessoa dá uma ideia que não foi bem aceita, em geral, recebe uma resposta irônica do tipo ‘ele quer reinventar a roda’. Não no caso da Roda Cultural de Cabo Frio que, mais do que reinventada, retorna nesta terça-feira, a partir das 19h, na Praça da Bandeira, na Passagem, repaginada, e melhor ainda, encorpada.
O evento retorna à cena cultural da cidade depois de uma interrupção de seis meses. Antes restrita ao universo do rap e do hip hop, a nova Roda passará a contar com a participação de coletivos de outros segmentos e gêneros, entre os quais, Assim Que a Banda Toca, Caiçara Arts, Laboratório Criativo, Coletivo Raiz e #RapDiMina, esse da rapper e produtora Taz Mureb, idealizadora do evento, em 2012. Para ela, se trata de uma maneira de dar visibilidade ao trabalho dos artistas cabofrienses.
– Em primeiro lugar, quisemos integrar diversos segmentos de artistas da cidade. A gente tem muitos artistas de talento, mas que estão esparsos, cada um fazendo o seu trabalho, e a gente quis uni-los. A gente não tem incentivo governamental, nem empresarial. Não temos muitas casas de show e teatros para nos apresentar. Então, além de integrar os artistas e criar palco e público, queríamos movimentar a cena cultural da cidade – explica.
E no que depender das participações já confirmadas, movimentação é o que não faltará ao pacato e histórico bairro. As apresentações de músicos como Ulisses Rabelo e Azul Casu, do grupo Oficena, da poetisa Clarissa Perna, dos DJs Renan Veiga e Kond, do Coletivo Raiz e da própria Taz, entre outros, prometem fazer barulho suficiente para abalar as estruturas da Cultura da cidade, área considerada ‘largada’ pela rapper.
–A gente acredita que para uma cidade ter pleno desenvolvimento, tem que começar com Educação. Então como não somos professores, educamos com a arte. A gente está com essa ideia de fazer uma frente artística apartidária. Na verdade, acho que a arte é o único partido que luta a favor do povo – diz, como de costume, sem meias palavras.
Também na base do improviso, característico das tradicionais batalhas de MCs, mas com a segurança de quem sabe o quer, a Roda terá não apenas muito som, mas outras formas de arte, como a capoeira, a poesia e as artes plásticas. Estão previstas ainda oficinas semanais e projeções audiovisuais, com ênfase na música brasileira. Esportes ligados à cultura de rua como o basquete e o skate também terão vez durante as atividades, que serão gravadas e editadas para transmissão pela internet. Doações de roupas serão destinadas a comunidades de baixa renda.