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Cabo Frio, paraíso do rock'n roll

Roqueiros relembram história do gênero na cidade; domingo é Dia do Rock

12 julho 2014 - 15h07Por Gabriel Tinoco
Cabo Frio, paraíso do rock'n roll

O som das guitarras ecoava na Praia do Forte no início da década de 1990. Num privilegiado espaço primeiramente conhecido como Arena, jovens de toda a Região dos Lagos pulavam em vibrantes shows de rock com vista para o mar. A cena pulsava ao som de bandas como Solstício e Sorry Figure. Rock brasileiro. Rock cabofriense. Tantos anos depois, há muito o que se comemorar neste domingo, dia do rock. O gênero veio para ficar. No calendário, há eventos como o Festival Rock Humanitário (para 10 a 15 mil pessoas), Noise Fest (800) e shows sazonais no Don Caballero, de Mateus Pagalidis (cerca de 40 pessoas).

E tem mais: a cidade tem hoje 19 bandas, de acordo com números do movimento Juventude Rock, que organiza shows, grava videoclipes e ainda faz um trabalho de resgate histórico do gênero da cidade. Mas, ainda que o futuro seja promissor, lembrar daquele tempo que se foi é sempre requer uma boa sessão de nostalgia. Dono de um estúdio que é o refúgio ideal para bandas que buscam gravações de qualidade, Davi Baeta lembra da energia que permeava os shows à beira da Praia do Forte.

– Os shows eram sempre enérgicos. E o ambiente proporcionava um cenário maravilhoso. Gente da Região dos Lagos inteira ia ver as bandas de rock religiosamente. Moradores da capital e até mesmo de fora do Estado do Rio de Janeiro frequentavam o espaço, que também já se chamou Fun House e Eclipse. Era um circuito que recebia até bandas internacionais – conta. 

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Idealizador do Juventude Rock, o produtor Lucas Müller enxerga uma interiorização do rock. Para ele, Cabo Frio exerce papel precursor no Estado no Rio.

– Outro dia estava comentando com um amigo, também produtor, que o rock de bandas autorais vem crescendo muito no interior do país e diminuindo consideravelmente nas capitais, principalmente no Rio e em São Paulo. O fato é que há uma melhor organização no interior e investimentos pessoais e públicos na estrutura. Nas capitais, a movimentação de shows estrangeiros está engolindo os shows de bandas locais. A melhor cena de rock hoje é no interior do país. Em relação ao Estado do Rio, Cabo Frio sempre esteve na frente. Aqui, o rock autoral começou em 1985 – ele relembra.

Quando as guitarras distorcidas ainda ajudam quem precisa, melhor ainda.

– Fico muito feliz quando ajudo a espalhar o som na cidade. O Rock Humanitário é pioneiro na ajuda a comunidades carentes no Brasil. Pedimos objetos ou comida para poder ajudar comunidades carentes. O rock tem consciência política. Os ro-queiros se divertem e abraçam uma causa ao mesmo tempo – afirma o historiador José Francisco Moura, o Chicão, idealizador do evento.

E o guitarrista Danilo Perrote  não esconde a admiração que sente pelos músicos da cidade. Segundo ele, a arte é absolutamente genuína em Cabo Frio.

– As pessoas se preocupam tanto com músicos que aparecem na mídia. Elas abrem a mente quando veem que têm excelentes artistas na vizinhança. Em Cabo Frio, encontro músicos até melhores (dos que o que estão sempre expostos na grande mídia) – finaliza.

Confira as 19 bandas da cidade (de acordo com o Juventude Rock) – Rose Red, Hooligans, Naíra, Clube das Ovelhas Negras, Janx, Alucinatus, Breakin' The Death, Silvery Crow, Intio, Usina Blues, Deck 35, Legionarius, Sick Diary, Immortal Sin, Noya, Pescadores de Almas, Gorefilia, Fallen Sorrow e Undaunted.

Foto principal: Mariana Khouri (Festival Humanitário)