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Cultura

'Cabistezas': vinte anos depois da primeira redição, Sophia Editora relança obra de Meri Damaceno

16 maio 2023 - 10h38Por Cristiane Zotich
'Cabistezas': vinte anos depois da primeira redição, Sophia Editora relança obra de Meri Damaceno

Vinte anos depois de sua primeira edição, “Cabistezas — causos de Arraial do Cabo” está sendo reeditado pela Sophia Editora. Escrita por Meri Damaceno, a obra é um resgate da memória de Arraial do Cabo, e narra histórias, lendas, personagens, linguajar típico e particularidades presentes no imaginário coletivo da cidade. Na publicação constam registros sempre temperados com bom humor sobre bruxas, lobisomens e procissões fantasmagóricas, além de histórias sobre figuras impagáveis como Come-brasas, Fernandinho, Bôco, Bau e Tái, entre muitos outros. O livro está em pré-venda, com desconto especial e brindes exclusivos para quem fizer a compra antecipada, que inclui um pôster com a ilustração de capa, assinada pelo artista Ronnie Foster

Em homenagem ao aniversário de Arraial do Cabo, a Folha conversou com Meri.


Folha — Como foi o processo de criação de “Cabistezas”? 

Meri — Maravilhoso. Minha única preocupação era aquela ventania de Arraial do Cabo. Foram mais ou menos cinco meses de pesquisa, e por incrível que pareça, não peguei nenhum vento (risos). Mas foi um processo muito gostoso, muito interessante andar em Arraial do Cabo atrás das pessoas, entrando nas casas, conversando, conhecendo de perto todo mundo. Conhecer a história do Cabo foi muito bom, um processo de criação maravilhoso, ainda mais com o apoio de Ercília Carriço (filha do poeta Victorino Carriço), que era a pessoa que abria as portas das casas para mim. Foi tudo muito alegre e muito divertido.

Folha — O que significa "cabistezas"?

Meri — Cabistezas é o nome que eu dei para os causos dos cabistas. Da mesma forma foi com Cabofrianças, meu primeiro livro, com causos de Cabo Frio, as nossas memórias, as nossas histórias, nossas cabofrianças. Cabisteza é a mesma coisa, só que dos cabistas. É uma palavra criada da minha cabeça com esse significado, de causos e histórias de Arraial do Cabo.

Folha - Conseguiu contar todos os causos que queria ou algum ficou de fora do livro? 
Meri —Acho que eu contei tudo. Na verdade acho que esse material rende até um outro livro se eu quiser utilizar as histórias na íntegra, porque precisei selecionar muita coisa. Cabofrianças também foi assim. Não digo que ficou nada de fora, mas as entrevistas (foram cerca de 70), se usadas na íntegra, rendem um outro livro.

Folha — Quais cabistezas mais chamaram sua atenção no processo de escrever o livro? 
Meri — O livro todo é muito bom e tudo me chamou a atenção. Mas se eu tiver que escolher alguma coisa, acho que é o processo das vaias (usca), que é muito interessante. Como eles escolhem esse momento da vaia? Por quê? E é um processo coletivo, talvez o único de Arraial do Cabo, já que nas outras histórias cada uma tem seu personagem. Mas neste caso das vaias, não. É um fato que envolve vários grupos: o da Praia dos Anjos, Praia Grande, Fábrica de Gelo, Prainha… E eles vaiam qualquer coisa: a gaivota que não pega o peixe, o lixo que sai voando pelo asfalto, o carro que quebra na frente desses grupos, o pneu que fura, o político que não agrada, um artista de televisão…  E isso é uma tradição muito interessante que não consegui encontrar uma explicação. Mas é algo muito enraizado do povo de Arraial do Cabo. Acho que isso não existe em nenhum lugar do planeta, de juntar um grupo de amigos pra sair vaiando qualquer coisa, em qualquer lugar, em qualquer momento. E o próprio linguajar: atchesa, usca, bobalhão, xó que queixa, galo, galesca… Isso é Arraial!