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Coluna

Um ano de Folha dos Lagos

06 novembro 2023 - 23h14

No dia 9 de setembro de 2023, um sábado, eu completei o meu primeiro aniversário como colunista da Folha Dos Lagos. Quando publiquei aqui o meu primeiro texto (O bicentenário de um país sem rumos), concretizava um sonho antigo, algo que jamais pensei que pudesse realizar: o de publicar meus textos.

Desde minha infância tenho um profundo apreço pelas letras. Quando criança, meu desejo era tornar-me um escritor profissional, pois a produção textual, já naquela época, dominava o meu foco. Desde os meus 7 anos, idade na qual eu fui alfabetizado, escrevi e li continuamente, de modo que lapidei constantemente, no decorrer dos 20 anos seguintes, essa habilidade. Escrever, portanto, é a competência que eu mais exerci e aprimorei em minha existência.

Mas, afinal, o que me impele a isso? O que me motiva é algo que também impulsiona a tantos outros escritores: a vocação. Escrever é algo profundamente existencial. É como bem diz Italo Calvino, cujo centenário se comemora neste presente ano: “escrevo para comunicar, porque a escrita é como consigo fazer as coisas passarem através de mim”.

Faz sentido. É isso que percebo também. O sujeito vocacionado à esta arte jamais se verá distante dela, uma vez que é nela em que ele encontra a si mesmo e também ao outro, sentindo ali pulsar o propósito de sua vida. Não à toa, há quem faça dessa atividade uma terapia. Pôr a mente no papel, destrinchando todos os fragmentos daquilo que se passa na cabeça e buscando reuni-los de maneira lógica e linear implica, inquestionavelmente, em entender melhor a realidade que nos cerca. Por isso, sempre que estou refletindo muito sobre uma determinada situação, o melhor que eu posso fazer é escrever sobre ela.

Há um outro ponto que também mexe muito com os escritores (sobretudo os de ficção): escrever é criar. Neste ponto, sente-se, com muito gosto e prazer, uma ínfima fração do que é ser Deus. E se Deus criou tudo com imensa alegria, não poderia ser diferente para aquele que trabalha com as palavras. Aqui, Deus e o homem compartilham, cada qual com as devidas proporções, um ponto em comum. Eis uma de muitas assinatuas do relojoeiro em seu relógio.

E ao longo desses 365 dias aqui na Folha dos Lagos, produzi um total de 14 textos. Não é um número significativo, pois acredito que poderia ter produzido muito mais. Entretanto, todos esses trabalhos realizados foram de extrema importância para mim, pois me permitiram comunicar e externalizar, para vários leitores, minhas observações, comentários e pensamentos sobre temas que nos afetam diretamente enquanto seres humanos.

Agradeço imensamente aos amigos Lucas Muller, que fez a ponte entre minhas produções textuais e a redação do jornal, e Rodrigo Cabral, por abrir as portas deste veículo ao meu trabalho. Por isso, repito as palavras que proferi no texto O ofício do escritor, publicado aqui na edição 6000: o escritor precisa de “[...] um terreno no qual possa edificar o seu trabalho. Um terreno sólido, estável e bem localizado. Algo como uma boa editora ou um bom jornal, como é o caso deste”.