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Coluna

Tecnologia

26 março 2022 - 11h28

Formada pelas palavras gregas “Tekhne” (técnica, arte, ofício) e “Logia” (estudo), tecnologia é um produto da ciência e da engenharia que envolve um conjunto de instrumentos, métodos e técnicas que visam facilitação e resolução de problemas nas mais diferentes áreas.

Desde os tempos primitivos o homem vem buscando e desenvolvendo a tecnologia, começando com o uso do fogo, da roda e da escrita. Seguiu com as tecnologias medievais, como a prensa móvel, armas militares, grandes navegações e a Revolução Industrial. No século XX, veio com a tecnologia da informação e comunicação, computadores, internet, energia nuclear, nanotecnologia e biotecnologia. Na atualidade, temos a alta tecnologia ou tecnologia de ponta, que se apresenta, entre outros avanços, com os NFTs e o Metaverso. Onde vamos parar? Não dá para estimar. 

O genial Renato Russo (1960 – 1996) escreveu uma frase interessante: “Uma guerra sempre avança a tecnologia, mesmo sendo guerra santa, quente, morna ou fria. Para quê exportar comida, se as armas dão mais lucro na exportação?” O que podemos observar é que desde os primórdios, as invenções ou descobertas tecnológicas sempre estiveram associadas às guerras, como defesa ou ataque.

 “O Senhor das Armas”, um filme de 2005, estrelado por Nicolas Cage, nos dá uma mostra do grande e lucrativo mercado de armas no mundo, hoje muito mais acentuado pela utilização da alta tecnologia. Só para termos uma ideia, em 2019 o Brasil exportou US$ 366 milhões em armamentos, sendo o principal comprador os Estados Unidos.  Fato é que as pesquisas direcionadas ao desenvolvimento de armas bélicas têm contribuído marginalmente para descoberta de novas técnicas aplicadas às diversas áreas de interesse humano, como medicina, indústria, comércio, logística, entre outras.       
 Alfred Nobel (1833 – 1896), inventor da dinamite, manifestou arrependimento em razão da sua invenção ter sido utilizada para fins bélicos. Como forma de amenizar as consequências, deixou toda sua fortuna numa fundação, para premiar personalidades que se destacassem em ações de paz pelo mundo. Outro cientista que demonstrou arrependimento por sua invenção foi Robert Oppenheimer (1904 – 1967). Em 1939, alertado sobre a possibilidade dos nazistas desenvolverem artefatos nucleares, intensificou suas pesquisas no sentido de enriquecimento do urânio para obtenção do urânio-235, requerido para a bomba nuclear. Tendo concluído seu trabalho, duas bombas foram detonadas, sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, o que lhe causou profunda amargura e tristeza.

Que a tecnologia acelera o desenvolvimento, reduz tempo de produção e custos, não há dúvida. Porém como ocorre com todo remédio em que existem contraindicações, temos os efeitos colaterais representados por desemprego, ócio, dependência tecnológica, mecanismo motor, efeitos viciantes, etc.                                                                                                                        
Bill Gates, fundador da Microsoft, ensina que: “A primeira regra de qualquer tecnologia utilizada nos negócios é que a automação aplicada a uma operação eficiente aumentará a eficiência. A segunda é que a automação aplicada a uma operação ineficiente aumentará a ineficiência”.  

Um caso real, acontecido no Brasil, bem ilustra a frase do Bill Gates. Conta-se que uma fábrica de pasta de dentes, no interior de São Paulo, estava enfrentando problemas em sua linha de produção. Na esteira automatizada onde os tubos eram introduzidos nas caixas, aconteciam falhas constantes e a embalagem seguia vazia. Então investiram 8 milhões em um sistema de pesagem eletrônica das embalagens ainda na esteira. Quando ocorria a falha o sistema acusava e paralisava a produção. Decorridos seis meses sem problemas, a direção foi cumprimentar os responsáveis pelo setor por causa do bom desempenho. Aí, descobriram que o sistema de 8 milhões só havia funcionado por quinze dias. Perguntado o porquê de não ter ocorrido mais falhas, apesar da não utilização da tecnologia, foi explicado que em razão da paralização constante para corrigir falhas, o que comprometia as metas de produção, resolveram colocar um ventilador ao lado da linha de montagem. Quando a caixa estivesse vazia o vento a expelia para fora da esteira sem paralisar a produção. Neste caso a tecnologia se mostrou ineficiente.

Desde a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra em 1760, a tecnologia aplicada na fabricação de bens vem se desenvolvendo de forma muito rápida. Não somente barateando o custo de produção, como aumentando a capacidade produtiva. Na área bancária é evidente o avanço nos processamentos, apesar da frieza nos relacionamentos entre clientes e banco. Nas comunicações o resultado é espantoso, tal a rapidez com que as informações são transmitidas. Porém, mais uma vez nos deparamos com os efeitos colaterais, pois a mesma tecnologia que aproxima quem está longe afasta quem está perto. Porque as pessoas tornaram-se alienadas no ápice da tecnologia que transcende às limitações de um tempo real.