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Coluna

Puerpério, Quem??

13 fevereiro 2025 - 16h30

Exames e consultas infinitas depois, ouvir um coraçãozinho batendo, descobrir que era um menino e os enjoos indo embora, as coisas finalmente foram se acalmando. Mas qual é o primeiro passo? Existe um “manual definitivo da grávida”? É a tarefa mais difícil do universo criar um mini ser humano, mas não há nada concreto que te prepare para isso. Eu brincava dizendo que deveria existir um curso preparatório. Mas não do jeito que já existem por aí: Como trocar a fralda. A Hora do Banho etc. É a preparação psicológica que importa. Porque no fundo, no fundo, essas coisas corriqueiras são aprendidas na prática do dia a dia de forma bem instintiva quando você está disposto a fazer.

E eu digo isso por saber na pele que tem gente que simplesmente não faz questão de aprender quando já existe uma mãe se esforçando constantemente para isso. Mas e a nossa cabeça? A questão da romantização exclui milhares de mulheres que não se encaixam nesse ideal e acabam se afundando em sentimentos aparentemente “proibidos” diante de algo tão divino. E não deixa de ser divino por isso. Porém, quando na sua vida houve uma conversa com sua mãe, por exemplo, sobre como funciona o puerpério? Como foi a pega na amamentação? Quais as dificuldades provenientes de privação de sono? Como o pai age de forma prática na sua paternidade sem criar uma “ajuda a mãe”?

O que existe é um disse me disse de opiniões diversas e controversas que no final das contas confundem ainda mais. E eu acho que isso acontece por existirem todo tipo de criação que diverge de família para a família de acordo com seus parâmetros. Até mesmo pediatras, divergem do que é certo ou errado na hora de guiar um novo núcleo familiar. O que eu entendi disso tudo é que eu precisava focar realmente na minha intuição. O que eu ouvia e sabia que seria o certo a se fazer deveria falar mais alto que qualquer tradição que veio da bisavó da minha tia. Buscar informações científicas e confiar na pediatra que eu escolhi diante do que eu acreditava para o meu filho. Diante disso, foquei por exemplo em canais do youtube de profissionais confiáveis que falavam “a minha língua”.

Ok, mas ainda assim, onde fica a questão psicológica da mulher pós a mudança mais radical da sua vida? Eu nunca havia ouvido falar da palavra “puerpério” antes de estar gravida. “O puerpério é marcado por mudanças físicas, hormonais e emocionais. A mulher deve continuar a procurar orientação médica até que o organismo se recupere completamente”. Que mudanças são essas? O que esperar de mim mesma nesse processo?

Como a minha rede de apoio pode me ajudar se eu mesma não sei disso? A dificuldade é real, a confusão é real, o choque é real. Esse turbilhão de coisas que acontecem ao mesmo tempo, deveria ser algo pré-conhecido em algum momento da vida, até para que estejamos preparadas para lidar e pedir “ajuda” de forma consciente. Viver a maternidade romantizada depende plenamente desse conhecimento e preparação. E se nós mulheres não caçarmos isso, de jeito nenhum isso chega de forma coerente em nossas mãos pela sociedade.