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Coluna

Prosperidade

10 maio 2024 - 14h12

Passeando pelos dicionários, desvendando vários ambientes e significações, a palavra prosperidade encontra sua mais bela definição num provérbio chinês, que diz: “Se você quiser um ano de prosperidade, cultive grãos; se quiser dez anos de prosperidade, cultive árvores; mas se quiser cem anos de prosperidade, cultive pessoas”.  Ser próspero é conquistar uma sensação mais profunda de plenitude e realização, diferentemente de sucesso e riqueza, que demonstram resultados tangíveis.                                                                                 

Etimologicamente, a palavra prosperidade é originária do latim prosperitate / prosperare, junção do prefixo pro (a favor) e sufixo spes (esperança), e significa “obter aquilo que se deseja”. Normalmente relaciona-se com abundância de bens e riquezas materiais, no entanto, esta qualificação possui um contexto muito mais profundo, difundido, principalmente, por algumas doutrinas religiosas, onde o foco é alcançar um comportamento emocional que envolve equilíbrio mental e espiritual e, por consequência, alcançar a paz.

No mundo materialista, a avaliação que se faz de uma pessoa próspera é através da medição do seu patrimônio, renda ou conta bancária. Contrapondo-se a essa vertente, Henry Ford (1863 – 1947), empresário americano, disse certa vez: “Um negócio que não produz nada além de dinheiro é um negócio pobre”. Este pensamento de Ford vai em direção a uma citação bíblica registrada no evangelho de Marcos, capítulo 8, verso 36: “Pois, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?”.  O que caracteriza a verdadeira prosperidade é a sensação de constante desenvolvimento e progresso em determinada situação, nem sempre sob a forma de dinheiro ou bens. 

O julgamento ou avaliação do grau de prosperidade vai depender de diversos fatores, ambientes e protagonistas. Para um país, a medição se faz através do seu PIB (Produto Interno Bruto), seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), de um nível de empregabilidade elevado, distribuição de renda justa e outros indicadores. Entre os políticos, é a sua aprovação junto à opinião pública, sua visibilidade perante a mídia, sua popularidade aos olhos dos eleitores e sua credibilidade. Em relação às empresas, a prosperidade é representada pela lucratividade, conceito junto aos clientes, expansão e investimentos. Para um município ser considerado próspero é necessário que alcance equilíbrio orçamentário, pratique a justiça tributária, demonstre moralidade, eficiência e impessoalidade, gerando renda e promovendo o bem-estar dos cidadãos.

Há na atualidade uma corrente religiosa que prega a chamada “Teologia da Prosperidade”. Segundo os defensores e pregadores dessa teoria - sim, é uma teoria, pois sua fundamentação não tem sustentação nos livros bíblicos - quanto mais doações forem feitas, mais vai ser recebido de volta. Este movimento tem enriquecido muitas denominações e seus líderes, o que não podemos considerar como prosperidade e sim como enriquecimento imoral, uma vez que é feita uma lavagem cerebral nos fragilizados membros das instituições, que, como se hipnotizados estivessem, entregam tudo que possuem.

O livro bíblico de Provérbios, no capítulo 11, versos 24 e 25, mostra um dos caminhos para alcançar a prosperidade, quando diz: “O que distribui mais, torna a ter mais; e o que retém em demasia não consegue senão a pobreza”. Isto demonstra o porquê dos avaros e gananciosos, apesar de terem muitas riquezas, serem sempre pessoas infelizes. É o ser humano com suas ações que determina o estado ou qualidade do que é próspero, conforme uma citação de Oscar Wilde (1854 – 1900), escritor irlandês, que ensina: “Tem gente que é tão pobre, que só tem dinheiro”.