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Coluna

Política ou politicagem

Todos sabem ou deveriam saber sobre a importância da política em suas vidas. Viver é um ato político, como dizem. Desde a Pólis grega, viver em sociedade é um exercício da política. Seja na família, entre amigos, entre colegas de trabalho ou nas relações

16 agosto 2019 - 19h28

Todos sabem ou deveriam saber sobre a importância da política em suas vidas. Viver é um ato político, como dizem. Desde a Pólis grega, viver em sociedade é um exercício da política. Seja na família, entre amigos, entre colegas de trabalho ou nas relações humanas em geral, é preciso entender e conviver com regras sociais. A predominância de grupos sociais no poder estatal constitui nações, estados e municípios. De outro lado, a politicagem é a política de interesses pessoais, de troca de favores, de resultados insignificantes, na fofoca constituída de factoides e narrativas inverídicas. Analisando-se esses dois termos, percebe-se aquele que mais se parece mais com a realidade brasileira: a politicagem.


A política cabo-friense, um micro extrato da política nacional, sobretudo nesses tempos de redes sociais, é preponderante o uso de formas de politicagem, disfarçada de política oficial. Pode-se dizer que o exercício político na cidade em muitos momentos remete-nos a uma realidade tosca. Críticos da cidade, a comparam a telenovela “O Bem-Amado”, que retrata a cidade de “Sucupira”, impregnada da política coronelista e atrasada. O pensamento provinciano dominante, faz com que o município da Região dos Lagos se afaste do progressismo do Século XXI e do desenvolvimento econômico de potencial alcance.


Com raríssimas exceções, as constatações do atraso político que convive no município, podem ser realizadas numa rápida análise das redes sociais de políticos e de pessoas ligadas a estes. As sessões da Câmara Municipal também são um termômetro para o entendimento da dinâmica da política local. Parte da população vê na política, uma forma de aproximação com grupos dominantes que poderiam lhes proporcionar alguma vantagem pessoal, como um emprego ou acesso ao poder. Isso é sintoma de uma anomalia, que cristaliza o clientelismo como forma de ação política. Cidadãos tornam-se dependentes daqueles aos quais elegeram para mandatos. Nas redes sociais, percebe-se o predomínio de boataria, denúncias vazias, puxa-saquismo, e muita falação sem conteúdo de ideias. O nível da discussão política pode ser observado, muitas vezes, em ataques pessoais e na propagação de fake news. A falta de responsabilidade com o conteúdo das mensagens e publicações é recorrente. Sintoma da realidade brasileira de baixo nível de consciência política.


Alguns políticos, auto declaram-se como se representantes de uma renovação o fossem. Alguns vereadores cabo-frienses com pretensões de concorrer a cargos do executivo auto proclamam-se como “nova política”. Entretanto, investigando um pouco mais de perto a atuação destes, incluindo as campanhas que o elegeram, pode-se afirmar com segurança que suas práticas políticas são muito semelhantes as mais antigas. Mesmo com o esforço para diferenciarem-se dos demais, utilizam-se de estrutura de campanha eleitoral bem similares. O uso de linguagem populista e oportunista é uma característica peculiar, além de alianças passadas e recentes bem próximas dos políticos da chamada “velha política”. A ausência do debate de ideias, o exercício de mandatos não coletivos e sem participação popular, centrados no personalismo e no protagonismo dos mandatários, são caraterísticas da política arcaica a qual estão inseridos.


Por tudo exposto, espera-se que os segmentos sociais possam modernizarem-se para elevar o nível de ideias e de renovação da política. O município cabo-friense precisa de fato adentrar o século XXI. 


O desenvolvimento almejado, será possível, na medida que o paradigma da política local seja efetivamente mudado, saindo de um modelo coronelista-clientelista para transformar-se noutro gestor-coletivista. 


A imprensa local tem papel fundamental nesta necessária renovação. Esta coluna está aqui à disposição deste debate.