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Coluna

O significativo número cem

10 março 2023 - 11h21

Um filme que não será visto por nenhum de nós; esse é “100 Years”, uma película cinematográfica produzida na França, em 2015, escrito e estrelado por John Malkovich, e que será lançado no mercado exibidor somente em 2115. Uma única cópia da gravação está guardada em um cofre de segurança que será aberto no dia 18 de novembro de 2115. Esta obra faz parte de uma ação publicitária da “Cognac Louis XII”, marca francesa de um conhaque que pode levar 100 anos para ficar no ponto de poder ser saboreado. É uma notícia que parece inverossímil, mas é real.

Não somente no cinema o número 100 marca presença. Na literatura encontramos o livro “100 anos de solidão”, obra prima do escritor colombiano Gabriel García Márquez (1927 – 2014), que narra uma história fictícia da cidade de Macondo e a ascensão e queda dos seus fundadores, a família Buendía. O patriarca José Arcádio Buendía, homem empreendedor e visionário, construiu a vila composta de 20 casas localizadas às margens de um rio.

Na numerologia, o número 100 representa a máxima potencialidade e perfeição. Não é sem razão que é explorado como tema pelo cinema, literatura, nos formalismos da matemática, estatística e outras áreas. O 100 numeral funciona como base e referência para alcançar estágios mais elevados, como por exemplo: 100 centímetros, igual a um metro; 100 anos correspondem a um século; ponto de ebulição da água, 100 graus; temperatura Celsius, escala que vai de 0 a 100 graus, etc.

Em outras áreas vemos o número 100 apresentado como padrão de organização e estratégia. O poderoso exército romano, que dominou grande parte do mundo dos anos 800 a.C. a 476 d.C., teve sua organização estratégica centrada nas “centúrias”, que eram grupos de 100 soldados, comandados por um “centurião”, que iam progressivamente aumentando até formar uma legião com 6 mil soldados. Podemos perceber, portanto, que o número 100 tem importância basilar em muitas áreas do conhecimento humano.         

Uma conhecida parábola bíblica, a da “ovelha perdida”, tem seu enredo centrado no número 100. O texto fala que eram 100 ovelhas, todas reunidas num aprisco, quando, de repente, o pastor que as guardava percebeu que faltava uma. Saiu, então, desesperado à procura da desgarrada, pois, mesmo que ela representasse apenas 1%, seu rebanho não estaria completo e ele teria que dar conta do que lhe havia sido confiado para guardar. A fidelidade do seu trabalho só seria atestada com 100% de resultado. E assim fez. Enquanto não achou a desgarrada e a incorporou novamente ao rebanho, não descansou.

No ambiente social e político, prevalece a prática de se ignorar 99 favores se o 100º não for atendido. O julgamento do mérito leva em conta somente a última movimentação. Por essa razão, do ser humano é exigido 100% de dedicação, 100% de fidelidade, 100% de honestidade. Como professor, fui muitas vezes solicitado pelos alunos para considerar a correção de questões de prova como “meio certa”. Sempre respondia que a palavra “meio” não contempla a excelência de uma resposta. Não existe o meio honesto, o meio inteligente, muito menos o meio certo.

Percebe-se que o número 100 é emblemático e representativo. Assim, chegamos a 100 semanas, com a matéria de número 100 publicada na Folha dos Lagos. Foram dois anos e um mês, ininterruptamente, frequentando a “coluna opinião”, na edição semanal da Folha. Anteriormente, nos anos 2003 a 2004, mantive a mesma coluna, mas foi imperioso interromper, uma vez que assumi cargo na Prefeitura Municipal de Cabo Frio, e não me senti confortável em continuar escrevendo, dada à postura sempre ética, imparcial mantida pela Folha, até hoje; e minha participação como colunista poderia configurar algum direcionamento de opinião.

Num mundo em transição tecnológica, em que a leitura passou a ser privilégio de poucos, sinto-me muito à vontade em fazer o que sempre gostei, notadamente para um público tão seleto quanto o da “Folha dos Lagos”.    

Numa conhecida frase, Mahatma Gandhi (1869 - 1948), advogado e pacifista indiano, disse: “Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas se você não fizer nada, não existirão resultados”. E Steve Jobs (1955 – 2011), inventor e fundador da Apple, muito tempo após Gandhi, completa com uma frase motivadora: “Seu trabalho vai preencher grande parte da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho”.