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Coluna

O Brasil não tem um dia de paz

27 junho 2021 - 12h48

Sabe, é todo dia um negócio novo pra desestabilizar a gente. Não tem uma só vez que eu acesse a internet sem sentir raiva, angústia ou uma desesperança absurda. Tenho uma dificuldade considerável em aceitar que muitas pessoas estão simplesmente amassando e jogando fora a ciência, fatos, estudos, números, provas ou o que mais, em prol de uma fala irreal, egoísta, ignorante e genocida. Durmo e acordo pensando que a soma do número de mortos no país chega ultrapassa 500 mil, e nosso presidente continua obstinado a propagar mentiras e principalmente dados que não fazem parte da realidade. 

A vacina já se provou mais que eficiente em conter a propagação do vírus. Países que seguiram todos os protocolos de segurança de uma pandemia mundial, que hoje, com a maior parte da população vacinada, solta fogos em homenagem à possibilidade de, por exemplo, não precisar mais usar mascaras nas ruas. Tomamos mais de 15 vacinas diferentes na infância (estou falando o número por alto, como base todas as vacinas que meu filho já tomou até agora), várias delas cheias de sintomas diversos, e eu nunca havia visto ninguém reclamar disso até agora. Viramos sommelier de vacina do dia pra noite. Os brasileiros viraram infectologistas, médicos e mestres em pandemia do dia pra noite, e o país vive o caos, o inferno, literalmente. Cento e um e-mails ignorados. Uma das melhores vacinas que circula no mercado enviou nada mais, nada menos que cento e um e-mails ao presidente e todos eles foram completamente ignorados, pois, ainda hoje, o presidente se presta ao papel ridículo de aparecer em lives, motociatas, falando à população que não existe comprovação cientifica de que a vacina salva vidas. 

O sr. presidente da República continua propagando que somos “cobaias” de vacinas que já foram testadas e aprovadas e mostram nítida eficácia em países que, diferentemente do nosso, evoluídos, se prestaram a trabalhar para que a sociedade pudesse viver. Sim, eu estou mais do que revoltada. A população está sofrendo, morrendo aos montes, enquanto o maior canastrão da história dos presidentes do Brasil imita pessoas passando mal e com falta de ar em uma de suas apresentações ao público na internet. Cloroquina, ivermectina, remédios que nunca obtiveram resultado contra a Covid-19 foram empurrados goela abaixo, você queira ou não. Quem ganhou com isso? Por que o governo mantém essa política de morte? 

Quem assiste à CPI da Covid se estarrece. Os depoimentos dos “especialistas”, que Bolsonaro escolheu a dedo para cara cargo, são até certa forma ‘engraçados’. Os vulgos especialistas gaguejam, se perdem em falas falhas, procuram respostas prontas em papeis e se mostram não só despreparados para os cargos que ocupam, mas também deliberadamente coniventes à ignorância destilada por todos ou quase todos que ainda tem a pachorra de defender esse governo. Já do outro lado, especialistas de verdade, boquiabertos com tamanha falta de noção e senso, nitidamente preparados para cada pergunta, baseados e respaldados em uma coisinha simples (porém aparentemente muito complicada de entrar na cabeça de certas pessoas), que trouxe a população mundial, ou parte dela ao nível que chegamos, chamada ciência. 
Olha, eu não sei você, mas apesar de já esperar de tudo e mais um pouco desse ‘desgoverno’, as coisas ainda me assustam, ainda mexem comigo como não deveriam mais mexer. To-do santo dia, sem pausas, sem descanso, sem poder parar pra respirar, aparece alguma notícia, algum vídeo do dito cujo falando asneira. Todo santo dia mais de duas mil pessoas deixam suas famílias pois não suportaram. Todo santo dia uma sensação de vazio e impotência grotesca diante dessa situação que vivemos. Todo santo dia. O brasileiro não tem um dia de paz.