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Coluna

Mulheres na política. Por que ainda somos minoria?

20 novembro 2020 - 14h07

Para falar da posição feminina nas eleições locais que aconteceram no ultimo domingo, antes é preciso falar da história da mulher na política. Muito se sabe que ainda somos minoria notória em cargos de poder, seja na política ou em qualquer outro segmento. E muito também se questiona o motivo disso acontecer já que em pleno 2020 temos visto o movimento feminista ganhar grande repercussão. Então, o que está acontecendo? Onde estão as mulheres quando o assunto é política? Vou te lembrar que apenas em 1932 o movimento sufragista ganhou o direito ao voto depois de muitos protestos. Mesmo assim, existiam regras como estas: apenas mulheres casadas com autorização do marido ou viúvas e solteiras que comprovassem ter renda própria poderiam votar. Só em 1946 as mulheres ganharam a obrigatoriedade ao voto. Muito se passou até a criação de uma lei, em 1995, para que 20% das vagas de cada partido fossem preenchidas por candidaturas femininas. Em 1997, passou a ser 30%. Mas ainda assim o Brasil ocupa a posição 140 no ranking de representatividade feminina no parlamento. 

Estou te lembrando isso para que entendamos que foi apenas ontem que começamos a nos inserir na política, mas, ainda assim, vemos um crescimento exponente de mulheres ocupando cargos. Imagina se ‘política’ e ‘economia’ virassem matérias obrigatórias nas escolas, o que isso iria mudar para novas gerações? Gosto de pensar com esperança, pois, dado o pouco tempo, estamos enxergando cada vez mais o que precisa ser feito, afinal de contas mulheres representam quase 52% da população. Nem de longe é uma tarefa fácil. Dos 17 vereadores eleitos em Cabo Frio, apenas duas são mulheres. Mas Carol Midori foi a vereadora mais votada da cidade, e Alexandra Codeço ocupa o terceiro lugar. O que isso nos diz? 

Sim, somos majoritariamente regidos por homens brancos, héteros de meia idade. Sim, ainda somos minoria na política, apesar de maioria da população. Mas, sim, as coisas estão mudando para melhor, pelo menos é nisso que eu prefiro acreditar. As gerações passadas lutaram arduamente para que a balança social e de gênero pesasse mais para nosso lado, e nossa geração continua nessa luta para que mais mulheres possam ter o direito de sair da posição socialmente imposta de “cuidar da casa e dos filhos” para se erguer não só como cuidadoras da casa, mas como também do futuro do país, e das novas gerações.


A baixa representatividade é sim um sintoma do machismo, de imposições culturais de uma sociedade patriarcal. A mulher ainda ganha menos, 20,5% menos, passa por jornadas duplas e mesmo assim está conseguindo espaços de poder. Somos constantemente “boicotadas” por parceiros de política. E isso não sou eu que estou dizendo. Um estudo chamado ‘Eleitas-Mulheres Na Política’ apontou que candidatas constantemente sofrem desqualificação e desrespeito dos colegas. Em contrapartida, a Revista Forbes, em uma matéria publicada em abril, aponta que lugares onde há lideranças femininas como na Islândia, Alemanha e Nova Zelândia tiveram melhores exemplos gerindo a crise do coronavírus.

Bato na tecla que ainda há muito a ser feito, mas também lembro à minha leitora e ao leitor da esperança, do fôlego a ser tomado. Muitas vezes somos engolidos por notícias ruins, desestimulando tudo que já alcançamos e ainda temos a alcançar, nos fazendo parecer estagnadas em certos assuntos. Não estamos. O dia de amanhã será melhor. Conquista após conquista, pouco a pouco, eu acredito: o futuro é feminista.