sexta, 19 de abril de 2024
sexta, 19 de abril de 2024
Cabo Frio
22°C
Park Lagos Super banner
Park Lagos beer fest
Coluna

Fábula do burro e a cobra

26 maio 2023 - 06h00

“Como recompensa por um serviço prestado, os homens pediram a Júpiter a eterna juventude, o que ele concedeu. Pegou, então, a juventude, colocou em cima de um burro e mandou que a levasse aos homens. Indo o burro no seu caminho, chegou a um ribeiro de águas límpidas, com muita sede. Ali estava uma cobra que disse que não o deixaria beber daquela água se não lhe dissesse o que levava às costas. O burro, que não sabia o valor do que transportava, deu-lhe a juventude a troco da água. E assim os homens continuaram a envelhecer, e as cobras renovando-se a cada ano”.

A fábula fala a respeito da ignorância e das consequências da falta de conhecimento. Isso explica o porquê dos homens passarem pela vida e as velhas práticas políticas se perpetuarem. A Bíblia registra uma frase bem oportuna para o momento em que vivemos, escrita pelo profeta Oséias (século VIII a.C.), capítulo 4, verso 6: “O meu povo está sendo destruído porque lhe falta o conhecimento”. Grande parte dos males que assolam o mundo advém da falta de conhecimento.

Vivemos em um país democrático, onde a escolha dos governantes é feita através do voto ou sufrágio, em consulta popular. Com a reforma do Código Eleitoral de 1932, as mulheres no Brasil passaram a adquirir o direito de votar. Através da Emenda Constitucional de 1985, os analfabetos adquiriram também esse direito, que foi estendido a partir de 1988, facultativamente, aos jovens que completassem 16 anos. Portanto, a utilização desse instrumento de escolha dos dirigentes públicos do país é bastante ampla e representativa. Por que temos, então, tantas leis injustas, tanto corporativismo, tanto privilégio, tanta corrupção? Resposta simples: porque escolhemos mal, por falta de conhecimento, por ignorância. O maior tesouro que possuímos é o direito de escolher nossos governantes, e isso está assegurado pela Constituição Federal de 1988, no Art. 1º parágrafo único: “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. E o mais importante, quando diz: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza” (Art. 5º CF).

Certa vez, em conversa com amigos a respeito do que está acontecendo no nosso país, defendi a tese de que tudo tem origem no voto. Quando escolhemos mal, temos que suportar as consequências. É aquele velho ditado: “Colhemos aquilo que plantamos”. Depois não adianta reclamar. É estarrecedor o que vemos em época de eleição. Pessoas trocando o voto por beneficies, votando pela aparência do candidato, ou simplesmente se omitindo, não votando. Aí, não adianta reclamar!

A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, no Art., 3º ensina que: “Ninguém se escusa de cumprir a lei alegando que não a conhece”. Portanto, erra quem quer.

O burro da fábula carregava em seu dorso um tesouro de incalculável valor, mas, por ignorância, trocou-o por alguns goles de água. No ambiente econômico padecemos do mesmo mal. A falta de ética e o comprometimento com a verdade iludem muitos consumidores. Nos segmentos empresariais, a busca incessante pelo lucro tem criado produtos e serviços que são verdadeiros engodos, para não dizer armadilhas, e tudo é aceito passivamente por falta de saber.

A ignorância e a falta de conhecimento nos afastam de ricos tesouros. O Marquês de Maricá (1773 – 1848), político, filósofo e escritor brasileiro, disse em uma das suas famosas frases: “Sempre haverá mais ignorantes que sabedores enquanto a ignorância for gratuita, e a ciência, dispendiosa”.