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Coluna

Azul é de menino, rosa é de menina

14 dezembro 2020 - 20h09

A gente sabe que encontrar homens desconstruídos e menos machistas não é uma tarefa, fácil. Né, mulherada? Homens com a cabeça mais aberta, entende? A realidade é que ainda vivemos numa sociedade retrógrada e conservadora na qual muitas pessoas pensam que lugar de mulher é na cozinha lavando louça e fazendo comida, que homem não tem obrigação nenhuma de fazer essas mesmas tarefas, que pai que ‘ajuda’ a mãe é um superhomem etc.  Ainda tem gente que acha que o cara já faz mais que o suficiente colocando o dinheiro dentro de casa, e ela que se vire com o resto. É só olhar pros lados, não precisa ir longe não. É o seu vizinho, o seu irmão, o seu pai, o tio, o amigo, o primo, e até mesmo as mulheres reproduzem isso. Não, amigos, essa não é a ordem natural das coisas. Nós mulheres não nascemos pra isso. E vocês, homens, pelo simples fato de não gerar um filho na barriga não estão liberados da obrigação de cuidar deles tanto quanto a mulher. Não, amigos, o fato de você trabalhar fora não te dá direito de jogar todas as responsabilidades da casa na sua mulher (que pode ou não trabalhar fora também), afinal, você mora na mesma casa, você suja louça, usa o banheiro, come, faz suas necessidades, enfim.

Talvez você esteja lendo isso e pensando: “bobagem, hoje em dia não é mais assim”. Pra isso é só você entrar no Google e, numa breve pesquisa, consegue achar as reais porcentagens da sociedade. Por mais que nos nossos ciclos sociais às vezes pareça que o machismo foi extinto (risos), não está nem perto disso, e precisamos parar de olhar pro umbigo. O fato é que ele existe, está enraizado e será muito difícil contornar a situação. Eu acredito que a mudança começa por baixo, na infância, no brinquedo, no ensinamento. Chega disso de "é de menino, é de menina". Pra muitas pessoas isso soa como loucura, mas é o principal, é a base. A criança é uma esponja. Princípios foram passados pra gente lá atrás   –por mais adulto que você seja hoje, você vai lembrar. 

Olha pros brinquedos de qualquer menina e me diz o que você vê. Bonecas quase sempre brancas e loiras, bebês para cuidar, cozinha, vassouras, maquiagens de brinquedo e desde muito novas são jogadas no universo do consumismo, dos padrões de beleza. As meninas vivem sendo chamadas de princesas e bonecas, mas nem todas nós somos representadas por elas. O que ouvimos e vemos constantemente é: "Se encaixe no padrão de beleza, seja uma mocinha, educada, feche as pernas, não sente assim, não sente assado. Toma aqui também esses vários manuais de como passar a vida tentando chegar lá, vulgo, revistas, comerciais de tv, famosas retocadas de photoshop, filtros de instagram, filmes de romance etc. Se você se importa muito com isso é fútil, senão se importa é desleixada. 

Nos disseram mesmo que silenciosamente que pertencemos aquela pequena bolha. E o feminismo estourou essa bolha pra mim. Talvez isso tudo fizesse mais sentido há alguns anos quando o machismo era ainda pior com nossas mães e vós. Mas hoje? Trabalhamos fora, trazemos dinheiro pra casa, sustentamos famílias também, nos tornamos empreendedoras, ganhamos mais independência, estamos na política. Esses brinquedos ainda fazem sentido? Queremos continuar ensinando esses conceitos? Qual é o problema de o menino brincar de cozinha? Nossa, ele pode virar, hum, sei lá, cozinheiro? Qual é o problema de um menino brincar com um neném? Ele pode virar um... bom pai? Qual é o problema de ele usar rosa? É só uma cor. E se ele for mais sentimental ou mais delicado? Homens também podem demonstrar sentimentos e emoções. Pasmem! Homens podem até chorar e tudo bem. Não serão inferiores por isso, não são ‘viadinhos’ ou ‘mulherzinhas’. São homens, tão fortes como qualquer mulher.