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Coluna

A Força da Comunicação – Folha dos Lagos 32 anos

02 maio 2022 - 10h04

Desde os primórdios o ser humano tem procurado formas de fazer comunicação. Mas o que é comunicação?Entende-se como comunicação o processo que envolve a troca de informação entre dois ou mais interlocutores por meio de signos e regras semióticas mutuamente entendível.

Os grunhidos acompanhados de gestos teriam sido a forma primitiva dos homens se comunicarem. A escrita surgiu a partir de registros feitos através de desenhos e marcas, produzidos em rochas, chamados de desenhos “rupestres”. Esta forma de comunicação marcou uma etapa evolutiva do processo, permitindo que várias informações sobre o modo de vida dos primeiros habitantes da terra chegassem ao nosso conhecimento nos dias atuais, de forma rudimentar, é verdade, mas deixando uma visão do cotidiano das comunidades. Estima-se que esta forma de se comunicar surgiu há cerca de 15.000 anos a.C., na África e posteriormente no Egito com os hieróglifos. 

Seguiram-se as comunicações por tambores, sinais de fumaça, pombo-correio, escritos feitos em papiros e pergaminhos, chamados de “velum”, que eram produzidos utilizando peles de animais, sempre atendendo uma necessidade presente em todo ser humano, que é a de transmitir e receber informações.  Entretanto, no início um problema se apresentava:as distorções nas mensagens transmitidas. Imagine, por exemplo, uma mensagem transmitida por sinal de fumaça, qualquer vento embaralhava tudo. A própria comunicação escrita estava sujeita a alterações, que num contexto histórico mudava todo o enredo. A reconstituição dos papiros e pergaminhos encontrados em regiões do oriente médio exigiu árduo trabalho de historiadores e pesquisadores para recompor as mensagens que foram produzidas e transmitidas à época. Como foi o caso da Bíblia Cristã, elaborada a partir do reordenamento de muitas centenas destes documentos.

Mas com a evolução tecnológica, os processos foram se modernizando. Surgirama escrita, o papel, a imprensa, o telégrafo, as parabólicas, a internet, chegando ao estágio atual do facebook e whatsapp, as chamadas mídias digitais. Certamente que muita coisa aconteceu nesses intervalos, sendo digna de destaque, por constituir um marco entre as fases da comunicação escrita, a invenção da imprensa feita porJohannes Gutenberg (1398 – 1468), isto em 1439. Esta invenção teve papel preponderante na moldagem da história, através do seu poder informativo e formador de opinião. São inúmeras as referências históricas ao papel influenciador dos jornais impressos na transformação do mundo moderno. A reforma protestante é um exemplo, pois foi através da publicação de Martinho Lutero, que estava insatisfeito com algumas práticas e questões teológicas da Igreja Católica, que aconteceu a cisão do catolicismo no século XVI.

Não menos importante, a comunicação por radiotransmissão, o rádio, invenção do italiano Guglielmo Marconi (1874 – 1937), desempenha papel de grande relevância na comunicação, servindo inclusive durante muito tempo como única forma de acesso da maioria das pessoas do interior brasileiro às notícias e ao entretenimento, comotransmissão de músicas e telenovelas. 

Na chamada mídia escrita, fui testemunha da saga dos pioneiros jornalistas proprietários de jornais que atuaram em Cabo Frio. Jornais como A Razão, O Fato, Gazeta da Baixada, entre outros, tiveram participação efetiva na comunicação jornalística em nossa cidade. Entretanto, por uma questão de justiça, faço menção especial à Folha dos Lagos, que por 32 anos ininterruptos vem exercendo com extrema isenção, o que é difícil em um órgão de comunicação, seu papel de informar.

Acompanhei a chegada do jornalista Moacir Cabral a Cabo Frio, sua luta em editar e manter um jornal numa cidade do interior, inicialmente semanal, passando depois a diário, e agora digital com uma edição escrita semanal. Não é fácil manter um Jornal somente com anúncios privados, notadamente sabendo que prevalece uma ideia errada entre muitos empresários, de que propaganda é gasto, e não investimento. Mas o jornal segue vitorioso, agora sob a direção do competente Rodrigo Cabral, com a mesma isenção e imparcialidade.

Karl Marx (1818 – 1883), filósofo, jornalista e economista alemão, sintetiza em uma das suas frases, o papel da imprensa: “A imprensa livre é o olhar onipotente do povo, a confiança personalizada do povo nele mesmo, o vínculo articulado que une o indivíduo ao estado e ao mundo, a cultura incorporada que transforma lutas materiais em lutas intelectuais, e idealiza suas formas brutas”.

Minha homenagem e parabéns a toda família Folha dos Lagos pelos 32 anos de existência.

(*) Clésio Guimarães é empresário, professor, administrador de empresas e representante do CRA-Conselho Regional de Administração.