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Magdala se despede do governo de Cabo Frio em meio a crises e promessas não cumpridas

Impasses políticos, escândalos administrativos e obras paralisadas deixam Serginho Azevedo com o desafio de reconstruir a cidade

28 dezembro 2024 - 13h07Por Redação
Magdala se despede do governo de Cabo Frio em meio a crises e promessas não cumpridas

O último ano de governo de Magdala Furtado no comando da Prefeitura de Cabo Frio termina marcado por uma série de promessas não cumpridas, escândalos administrativos e protestos populares. De janeiro a dezembro de 2024, a gestão enfrentou graves desafios, especialmente nas áreas de saúde, educação e infraestrutura, além de uma série de crises políticas e judiciais que abalaram a confiança da população e resultaram não apenas em ações do Ministério Público (MP) e protestos organizados por diversos setores da cidade, mas também na derrota para Serginho Azevedo na eleição municipal de outubro.

Conforme a Folha adiantou na edição impressa desta sexta (27), logo em janeiro o governo anunciou a criação de uma Central de Monitoramento em Cabo Frio, um projeto que visava melhorar a segurança pública na cidade. A licitação chegou a ser suspensa em março e retomada logo em seguida. No entanto, o projeto nunca foi implementado. O projeto se soma a outros exemplos de obras e melhorias prometidas pela prefeita, mas que nunca saíram do papel.

Em fevereiro, a gestão de Magdala começou a enfrentar tensões políticas internas e externas. Membros do Partido dos Trabalhadores (PT) local denunciaram que a prefeita tentava minar a participação política da oposição, acusando-a de adotar práticas de sabotagem no processo de transição de poder. Esse episódio acirrou ainda mais os ânimos políticos na cidade e causou uma divisão crescente entre o governo e os partidos aliados. Na mesma época começaram os problemas com os profissionais da educação: o ano letivo começou com paralisações e a falta de condições adequadas de trabalho nas escolas, além de um longo impasse sobre o cumprimento do Plano de Carreira dos Profissionais de Educação (PCCR). Essa crise se arrastou até o final do ano, com novos protestos e uma tentativa frustrada de acordos.

A saúde também foi um dos pontos críticos, com vários escândalos envolvendo a gestão da pasta: o mês de março trouxe à tona um escândalo que abalou as estruturas da administração municipal. A Polícia Federal iniciou uma investigação sobre as denúncias de corrupção e irregularidades na gestão da saúde pública, com foco no uso indevido de recursos destinados a hospitais e postos de saúde. A situação do Hospital da Mulher se agravou, e em abril o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) obteve uma decisão judicial para obrigar melhorias no local. No entanto, as promessas de reformas e melhorias nunca foram atendidas: na unidade, diversas cirurgias foram suspensas há pouco tempo devido à falta de insumos, e na UPA do Parque Burle um paciente faleceu na recepção sem atendimento. Em visita surpresa no local no último dia 25 (Natal) o futuro prefeito de Cabo Frio, Serginho Azevedo, denunciou a precariedade na infraestrutura.

No mesmo mês a crise na saúde atingiu seu auge, com a deflagração de uma greve de médicos e enfermeiros em protesto contra os salários atrasados, as péssimas condições de trabalho e a falta de infraestrutura nos hospitais. A greve afetou diretamente o atendimento à população, que já enfrentava uma crise crônica na área da saúde. Apesar das pressões, o governo não conseguiu avançar nas negociações, e a greve se estendeu por semanas.

Em maio foi a vez da cultura entrar em crise. Artistas locais se reuniram para protestar contra a falta de apoio da Prefeitura a projetos culturais e à ausência de repasses financeiros previstos nos editais culturais. O fechamento do teatro municipal e a falta de apoio a festivais e eventos culturais comprometeram a economia criativa da cidade. A classe artística se sentiu negligenciada, e o governo de Magdala foi duramente criticado por sua omissão nesse setor.

O mês de junho começou com uma denúncia grave sobre a degradação ambiental em Cabo Frio. Uma área da cidade, já denunciada ao Ministério Público Federal (MPF), recebeu aprovação da Prefeitura para virar loteamento, apesar das críticas à preservação ambiental. Em julho Magdala chegou a anunciar o início das obras no Canto do Forte, que nunca saíram do papel. A licitação para reforma do Mercado Sebastião Lan também entrou em uma nova fase, mas, até hoje, o projeto continua sem avanços.

A queda de braço entre governo e profissionais de educação ganhou novos capítulos em agosto, quando a justiça determinou que a Prefeitura de Cabo Frio regularizasse aposentadorias e licenças. A determinação gerou expectativa sobre uma possível melhoria para os servidores da área, mas a questão, segundo o Sepe Lagos, permanece sem solução definitiva. Na mesma época teve início a polêmica em torno da minuta da Lei de Parcelamento do Solo, que autorizava a construção de prédios de até 15 andares na cidade. A proposta segue em discussão até hoje, enfrentando resistência entre os moradores.

Em setembro o governo Magdala anunciou uma licitação para a reforma na Rua dos Biquínis, uma área importante para o turismo da cidade. Assim como as licitações anteriores, o projeto também não avançou. O mês também foi marcado por tensões no setor educacional, com o Sepe e o governo municipal anunciando novas audiências sobre o Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações (PCCR) da Educação, mas o acordo não foi concretizado, levando a novos protestos e greves dos profissionais da área. A educação rendeu mais problemas em outubro, quando o Sepe acusou o governo de Cabo Frio de apropriação indevida de verba sindical, criando um novo foco de tensão entre a gestão municipal e os educadores.

A transição de governo foi um dos principais temas de novembro. Um mês após ser derrotada nas urnas por Serginho Azevedo, Magdala garantiu que faria uma transição pacífica. O Ministério Público chegou a se manifestar exigindo que o processo fosse transparente. Mas, em dezembro, Serginho afirmou que não houve transição efetiva, já que o governo Magdala se recusou a responder aos ofícios enviados. Além disso, artistas locais denunciaram o descaso do governo municipal com vários editais de cultura, refletindo a insatisfação com o apoio à classe artística na cidade.

Ainda em novembro o Ministério Público se manifestou sobre mais um escândalo: sugeriu que a Prefeitura de Cabo Frio suspendesse um pagamento milionário à empresa proprietária da área do Terminal de Ônibus de Turismo (TOT), alegando que a cidade enfrentava protestos devido a exonerações retroativas, salários atrasados e protestos, que continuam em dezembro com motoristas promovendo mais manifestações que escancaram a crise financeira da cidade.

A situação fez com que a Câmara Municipal acionasse o Ministério Público contra o governo de Magdala, que acabou empurrando para próximo prefeito a responsabilidade de cumprir um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) da Praça do Moinho firmado em 2023. Outro golpe foi dado à população quando a Salineira anunciou a suspensão da passagem social devido à falta de repasse do governo municipal. O Ministério Público também intensificou as cobranças contra a prefeita, exigindo soluções para a paralisação de serviços essenciais e para os atrasos na saúde, além de acionar a Prefeitura na justiça.

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