Depois de sofrer uma enxurrada de críticas por ter votado contra a manutenção da prisão dos deputados Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, todos do PMBD, em votação na Alerj no dia 17, o deputado estadual Janio Mendes (PDT), confessou, pela primeira vez, ter se arrependido da postura que adotou. “As críticas doeram demais em mim”, declarou o deputado que teve, inclusive, que lidar com a pressão das redes sociais: só na postagem que esclareceu o porquê do voto, o deputado se deparou com mais de 600 comentários negativos. Boa parte deles de ex-eleitores de Janio que se diziam arrependidos pelo voto: “Janio, fui eleitora sua. Dei meu voto de confiança nas duas últimas eleições. O episódio de ontem foi a gota d’água. Para, que tá feio. Essa justificativa sua e de muitos outros traidores do povo não nos convence. Sua carreira política foi ralo abaixo”, disse um dos muitos comentários.
A imagem do parlamentar ficou ainda mais abalada com a decisão do TRF2 (Tribunal Regional Federal) de mandar os três deputados do PMDB de volta para a cadeia de Benfica, em votação realizada durante a semana. Com o ápice da crise de credibilidade política nas ruas e redes sociais, Janio Mendes se disse arrependido, ao contrário do que declarou no dia da votação, quando afirmou que enfrentaria a pressão da opinião publica “de cabeça erguida”.
– Fiz uma profunda reflexão e avalio que errei ao me posicionar levando em considera- ção apenas os aspectos constitucionais. As pessoas querem um basta a este ciclo vicioso de poder e corrupção, que levou o Estado à calamidade que se encontra. As criticas doeram demais em mim e me trouxeram a esta reflexão. No que diz respeito ao partido é natural o debate democrático, o partido tem que falar à sociedade – declarou.
Divergências no PDT – Com a votação da Alerj, o Partido Democrático Trabalhista, um dos mais tradicionais da esquerda, entrou em crise e cinco dias após a votação, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi manifestou-se por meio de nota dizendo que o partido não concordou com a posição dos deputados que votaram pela libertação dos peemedebistas: além de Janio, Luiz Martins, Cidinha Campos e Zaqueu Teixeira. Apenas Martha Rocha votou pela prisão. “O PDT do Rio ressalta que decisões judiciais, como as de ontem, não devem ser contestadas, mas cumpridas, sempre guardando o direito de defesa de cada cidadão independente da sua ideologia. O PDT irá respeitar as decisões da Justiça e o princípio Constitucional da independência dos Três Poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – sendo competência do Judiciário julgar qualquer cidadão e obriga-los a cumprir o rigor da lei”, diz um trecho da nota.
No mesmo dia, dois dos herdeiros políticos do fundador do partido, Leonel Brizola, os irmãos Brizola Neto (ex-ministro do Trabalho) e Juliana Brizola (deputada estadual no Rio Grande do Sul), emitiram nota negando divisão no partido. No entanto, ambos desejam punição ao quarteto.
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