A sessão solene de entrega do título de cidadão cabo-friense, hoje à noite, não será apenas de celebração. Um protesto está sendo convocado para às 19h, em frente ao Tamoyo Esporte Clube, onde acontecerá a cerimônia festiva da Câmara Municipal de Vereadores. O motivo é repudiar a homenagem ao governador Cláudio Castro. O protesto está sendo convocado pelas redes sociais.
Conforme a Folha antecipou no último dia 5, a homenagem ao governador do Rio de Janeiro é de autoria do presidente da Câmara de Vereadores de Cabo Frio, Vagne Simão, o Vaguinho. No texto de justificativa para proposição da honraria, o chefe do Legislativo municipal resumiu a história política de Castro, e informou que a titulação é merecida “por todos os seus feitos como Governador do Estado pela cidade de Cabo Frio”.
Cláudio Castro é acusado de abuso de poder político e econômico e conduta vedada nas Eleições Gerais de 2022. Ele teria cometido diversas irregularidades na Ceperj (uma fundação estadual que atua em estratégias de políticas públicas) e na Uerj com fins eleitoreiros, incluindo a nomeação de funcionários fantasmas nas duas instituições. Na última semana, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) começou a julgar os recursos que pedem a cassação do mandato dele.
Por isso a notícia da homenagem não foi bem recebida por alguns moradores, que usaram as redes sociais para manifestar a insatisfação. “Como pode banalizar uma homenagem tão bacana?”, questionou uma leitora nos comentários da página da Folha no Instagram. “A população cabo-friense elege vocês para fazer pela cidade. Não para ficar babando ovo de político”, postou outro leitor. “Eu, como cabo-friense, tenho vergonha”, escreveu mais um morador da cidade. “Só reafirma como tudo foi ‘estratégia política’”, diz um dos comentários com mais curtidas. Outros, entretanto, elogiaram. “Merecidíssimo! Esse aí já fez por Cabo Frio mais do que um montão que já sentou na cadeira do legislativo municipal”, escreveu um dos leitores favoráveis à indicação, que, embora em menor número, também se manifestaram.
O vice-procurador-geral eleitoral, Alexandre Espinosa, chegou a apresentar o parecer do Ministério Público Eleitoral (MP Eleitoral) favorável à cassação dos mandatos de Cláudio Castro e Rodrigo Bacellar (presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro / Alerj), bem como à inelegibilidade deles e de outros envolvidos no suposto esquema de fraude eleitoral em razão da comprovação de participação nos ilícitos. De acordo com o parecer, os mandatos foram obtidos de forma ilegítima, por meio de abuso de poder político e econômico, o que violou a legitimidade do pleito.
Relatora do caso, durante sessão no TSE a ministra Isabel Galotti votou pela cassação e inelegibilidade de Cláudio Castro, bem como pela realização de novas eleições para o governo do estado. Mas os trabalhos foram interrompidos por pedido de vista apresentado pelo ministro Antônio Carlos Ferreira. A votação deve ser retomada em até duas semanas, embora o prazo legal seja de até 90 dias.




