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Alta no preço do feijão estimula pesquisa do consumidor cabofriense

Aumento médio de 30% acontece em função das chuvas no Paraná, maior produtor

16 junho 2016 - 09h43Por Gabriel Tinoco
Alta no preço do feijão estimula pesquisa do consumidor cabofriense

“Diz que tá dura, pendura/
A fatura no nosso irmão/
E vamos botar água no feijão”.

Os versos de ‘Feijoada Completa’, de Chico Buarque, são bem conhecidos, mas a fartura é cada vez mais distante da realidade. O saco de feijão disparou nos últimos dias por causa de problemas climáticos que afetaram a safra. A subida chegou a 28% até maio de acordo com pesquisa de auditoria de varejo da GfK. Já um estudo do IBGE indicou elevação de 33,49% no ano até maio e 41,62% em 12 meses.

Parceiro inseparável nos pratos brasileiros, o arroz subiu cerca de 5%. Um saco de feijão chega a custar o preço de cinco quilos de arroz.
O economista Daniel Soares sugere a importação do commoditie para reduzir o preço. No entanto, o resultado não seria imediato.

– Foram problemas climáticos que quebraram a safra de feijão no Paraná, principal produtor no país. Nesse caso, é demanda e oferta. Se a oferta do produto diminui, o preço sobe, porque a demanda é a mesma e as pessoas continuam comendo feijão como sempre. Uma solução seria a importação para reequilibrar a oferta. Só que o dólar está alto e o feijão não é uma commoditie tão comum. O peso dele na nossa alimentação é muito acima da média do mundo. O principal produtor de feijão, além do Brasil, é a China. Seriam semanas, talvez meses, para efetuar a compra e o produto ser transportado – explica.

Mesmo diante dos altos preços, os entrevistados pela Folha garantem não parar de comprar feijão. Os consumidores reclamaram da carestia, mas irão atrás de ofertas.

– O preço está absurdo. Ninguém tem que comprar. A safra que perderam é a passada. Não é essa. Então não há razão para aumentar os preços. A minha sugestão é o boicote. Substituo o feijão pelo mais barato: lentilha, grão de bico – comenta a autônoma Maria Inês Valentim, 55.

A aposentada Teresa Maia, 73, tem que perguntar aos outros consumidores qual mercado tem os preços mais acessíveis.

– Está caro demais. Caço nos mercados até achar o saco de feijão mais barato. Todo mundo anda assim. As pessoas que compram falam para mim em qual lugar o preço está melhor. E assim vamos avisando um ao outro. Os mercados costumam ter muita diferença nos valores. Como compramos feijão todo dia, a diferença pesa bastante – revela.

A aposentada Isabel Melo, 71, vai além e diz que jantar fora de casa acaba sendo uma boa economia.

– Nem tenho comprado mais. Como feijão duas vezes na semana. Normalmente almoço em lugares que um prato sai a R$ 6.

(*) Leia a matéria na íntegra na edição impressa da Folha desta quinta.