Com apenas 4 anos de idade, a pequena Sofia, moradora do bairro Porto do Carro, em São Pedro da Aldeia, está sendo uma verdadeira guerreira - Crédito: Reprodução

Com apenas 4 anos de idade, a pequena Sofia, moradora do bairro Porto do Carro, em São Pedro da Aldeia, está sendo uma verdadeira guerreira. No último sábado (12), ela foi diagnosticada com leucemia linfóide aguda (LLA), um tipo de câncer do sangue e da medula óssea que afeta os glóbulos brancos. Desde então precisou ir para o Rio de Janeiro, onde está internada. A LLA é o tipo mais agressivo de leucemia, e também o mais comum na infância. Os sintomas podem incluir aumento dos gânglios linfáticos, hematomas, febre, dor óssea, sangramento da gengiva e infecções frequentes.

Para ajudar a custear o tratamento, uma verdadeira rede de solidariedade tem mobilizado as cidades da Região dos Lagos. Amigos da família estão vendendo rifas a R$ 10. Membros da Igreja Metodista Betel do Porto do Carro, onde a família de Sofia frequenta, estão vendendo um almoço beneficente (strogonoff com arroz e batata palha), que será realizado no próximo dia 27, na sede da igreja: o valor é R$ 7. Nesta quinta-feira (17) a TapiocaDuCabo também fez uma ação onde todo o lucro do delivery foi destinado ao tratamento de Sofia.

A mãe da menina, Natália Braz, trabalha em casa, fazendo doces para vender. O pai, Carlos Alexandro Pereira Fraga, é servidor público concursado, inspetor de alunos na rede estadual, atuando no cargo de secretário escolar. Em conversa com a Folha, ele contou que atualmente está de atestado para acompanhar o início do tratamento da filha, e que tem férias para tirar. Mas depois vai tentar transferência para o Rio. Isso porque todo o tratamento da menina está sendo feito na cidade carioca.

Natália e Alexandre, como é chamado pelos amigos, saíram de Cabo Frio na última sexta-feira (11) com pré-diagnóstico (feito através de exames de laboratório), com recomendação para procurarem um oncologista. Uns dias antes, o pai lembra que Sofia havia sido atendida na emergência de um hospital particular de Cabo Frio. O primeiro atendimento no Rio de Janeiro foi no Hospital do Fundão, mas depois a criança foi transferida para o Centro Pediátrico da Lagoa, na zona sul do Rio. Com a confirmação do diagnóstico em mãos, na quarta-feira (16) a menina passou por um exame de punção lombar, que segundo Alexandre, é o que vai determinar como será feito o tratamento, além da quimioterapia, que começa já neste sábado (19). 

A princípio, os pais da Sofia vão passar um período de 45 a 60 dias no hospital, se revezando na companhia da filha. Esse prazo é o tempo previsto para a fase inicial do tratamento. Mas, depois, os dois vão precisar morar no Rio de Janeiro por pelo menos 1 ano, em algum lugar próximo ao hospital. 

- Recebemos essa orientação porque caso a Sofia passe mal, tenha uma febre, ou alguma coisa, a gente tem que estar no hospital em, no máximo, 40 minutos. O problema é que o aluguel nas áreas próximas ao hospital é muito caro. Além disso, não temos carro, então vamos precisar utilizar transporte público ou serviço de transporte particular para fazer a locomoção para tratamento da menina. Estamos pedindo a Deus uma orientação, e uma porta aberta que seja próxima ao hospital, para que tenhamos a facilidade de trazer a Sofia, caso aconteça dela passar mal e precisar de atendimento médico - contou Alexandre.

Por enquanto, o tratamento está sendo custeado pela família, que possui plano de saúde. 

– Pelo menos até o dia 20 de março o tratamento dela está coberto porque o plano de saúde já está pago. É um plano caro porque é familiar, mas se for preciso, tiro eu e minha esposa e deixo só a Sofia no plano porque ela é a prioridade. E fomos aconselhados a continuar o tratamento na rede particular. Para isso, algumas pessoas já se prontificaram a nos ajudar porque tem algumas questões, como anestesista, que precisamos pagar para aguardar o ressarcimento. Desde que foi internada, a Sofia já precisou fazer dois exames no centro cirúrgico, com apoio de anestesia, e isso nós já custeamos com apoio das doações que estamos recebendo –  explicou o pai da menina.

Além da mudança para o Rio de Janeiro, do aluguel de uma casa próxima ao hospital, do transporte e anestesista, a família também conta com a ajuda de doações para custear as fraldas descartáveis que Sofia está usando (por conta dos equipamentos médicos, a menina não pode se locomover para usar o banheiro), os medicamentos, e outras necessidades durante, pelo menos, o primeiro ano do tratamento.

– A questão da rifa e do almoço, nossos amigos tomaram a frente disso. Eles começaram a se mobilizar e falaram pra gente “vocês cuidem da Sofia, foquem no tratamento dela, naquilo que ela precisa, que nós vamos organizando as coisas”. Então, não estamos participando diretamente disso porque nosso foco é cuidar da Sofia. Esse é o momento da gente se dedicar a ela, ser pai e mãe em tempo integral. E nossos amigos e nossa família entenderam isso, e estão resolvendo tudo. Quem fala pra gente “quero abençoar vocês com uma pizza”, com o que quer que seja, para sortear, a gente tá passando o contato de outras pessoas amigas, e da família, que estão resolvendo todas essas questões. Inclusive a tia da minha esposa está recebendo doações através de PIX (CPF 04116145769, Adriane Melo da Silva) – explicou Alexandre.

Com a voz embargada, o pai da Sofia aproveitou para fazer um desabafo:

– Desculpa, a voz vai embargar, porque às vezes a gente só deixa pra ser pai e mãe em tempo integral quando acontece uma situação dessa. A gente trabalha, estuda, faz faculdade, tem uma série de preocupações, e às vezes a gente não dá a atenção que é devida aos nossos filhos, até que uma situação dessas aconteça, caia em nossa cabeça como uma bomba.

Quem quiser ajudar comprando algumas das rifas que estão sendo realizadas, pode acessar o Facebook dos pais de Sofia (@natalia.braz.940 e @xandybetel), onde várias informações estão sendo compartilhadas diariamente. Já o bilhete para o almoço beneficente do próximo dia 27 pode ser adquirido diretamente na sede da Igreja Metodista Betel do Porto do Carro (Estrada do Alecrim, 580, São Pedro da Aldeia), das 19 às 22 horas.