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GESTÃO DE RISCOS

Região dos Lagos ainda engatinha na prevenção de desastres naturais

Após tragédia em Petrópolis, municípios apressam elaboração de planos de emergência

27 fevereiro 2022 - 09h00Por Redação

A forte tempestade que resultou em mais de 200 mortes em Petrópolis, há cerca de dez dias, comprovou a necessidade de os municípios contarem com planos articulados de emergência para lidar com catástrofes naturais. Na Região dos Lagos, o movimento ainda se encontra em estágio inicial, apesar dos problemas históricos com as enchentes e de haver diversas áreas com risco de deslizamento. A perspectiva é que, diante dos recentes sinais dados pelo clima, o trabalho seja apressado. 

Na semana quem que a Folha consultou os municípios para saber quais as medidas de contingência previstas para o caso de calamidade, a Prefeitura de Cabo Frio anunciou o início da implantação do Programa Municipal de Preparação para Emergências e Desastres. Segundo o governo municipal, o objetivo é melhorar as ações da Defesa Civil Municipal, “visando estabelecer atividades preventivas e fluxos de trabalho em situações de emergências e calamidades”. A princípio, o plano vai envolver a Defesa Civil Municipal, Defesa Civil Estadual e a Secretaria Municipal de Assistência Social. 

– A implementação desse programa é uma necessidade diante dos casos em que a Defesa Civil é acionada, sempre capacitando a equipe para uma resposta adequada em casos de emergências e desastres. Nesse plano técnico, todos os agentes da Defesa Civil, da Guarda Civil e da Assistência Social estarão envolvidos.Também vamos tentar a mobilização junto a outras agências da Defesa Civil na região para um trabalho integrado – destacou o secretário de Direitos Humanos e Segurança, Ruy França.

Em São Pedro da Aldeia, o trabalho se encontra em estágio mais atrasado que no município vizinho. Em nota, a Secretaria de Segurança e Ordem Pública informou que o Plano Municipal de emergência está em fase de elaboração e que será finalizado ainda no primeiro semestre deste ano.

Por sua vez, em Arraial, a Defesa Civil informou que já existe um estudo das áreas de risco e catalogação dos moradores dessas áreas com o objetivo de propor medidas de prevenção e segurança em casos de desastres naturais. Em setembro de 2020, a Folha noticiou que uma forte chuva que caiu sobre o município cabista deixou várias casas do Morro da Coca Cola, no bairro Sítio, com risco de deslizamento. Outros locais do município encontram-se na mesma situação. 

Uma nota à parte é o município de Araruama que, segundo a Prefeitura, conta com um Plano de Emergência em vigor, que é atualizado anualmente. Já as prefeituras de Iguaba Grande e de Armação dos Búzios sequer responderam aos questionamentos da reportagem.

Especialista defende aumento nos investimentos em Defesa Civil

O caminho para o avanço nas políticas de prevenção de desastres passa por mais investimentos em estrutura e treinamento nas equipes de Defesa Civil dos municípios, na opinião de uma das referências estaduais na área, o consultor Márcio Soren, que lidera o Projeto Costa do Sol de Defesa Civil. 

Para o especialista, faltam preparo e equipamentos, pois a área só é vista como prioridade pelas autoridades quando ocorrem catástrofes naturais, como ocorreu na Região Serrana. Ele lembrou que há verbas do Governo Federal destinadas para esta finalidade, mas que não são usadas por falta de projetos.

– Os governos tendem a retirar os investimentos quando tem um tempo sem desastres, mas as coisas acontecem. A gente está vivendo um momento de mudança climática, isso é notório. Eventos adversos, climatológicos ou não, vão ocorrer com maior incidência e intensidade. Então deve ser feito um investimento nessa área e não é feito – avalia.

Para Soren, as medidas que são tomadas pelos municípios, como limpeza de bueiros, não surtem efeito significativo por causa do subdimensionamento e do desgaste nas redes de águas pluviais.

– Eu te afirmo que se houver um incidente hoje nas proporções de Petrópolis na região, não estamos preparados – conclui.