Um dos pontos mais nobres do turismo de Cabo Frio, os quiosques da Praia do Forte vivem hoje uma situação aquém da ideal. Quem trabalha no local reclama das condições de manutenção das áreas comuns dos quiosques – principalmente dos banheiros públicos e das calçadas – além da falta de limpeza e segurança, que também deixam a desejar. Todos esses problemas, segundo os quiosqueiros, são resultado de certo abandono da antiga gestão municipal. A esperança deles, com um novo prefeito assumindo em breve, é que mais atenção seja dada para aquela área, principalmente visando o próximo verão.
Os quinze quiosques passaram por obras no final de 2013. Na época, o projeto foi alvo de polêmica por conta da localização da cozinha, que fica no subsolo. Atualmente, mesmo não sendo maioria, alguns quiosqueiros, como a gerente do Burguer Beating, Daiana Lopes, reclamam da estrutura da cozinha, que sofre com algumas infiltrações e vazamentos em tempos de chuva.
– A princípio o layout a cozinha no subsolo foi muito bom para nós, até pela questão de higiene. Porém, depois vimos que a estrutura deixa a desejar em alguns aspectos, com infiltrações e vazamentos. Então a princípio o que falta é uma manutenção na estrutura da cozinha, que tem esse tipo de problema – disse.
Porém, a maior reclamação de quem trabalha na área são os banheiros públicos, voltados para os clientes e cidadãos em geral que freqüentam também a praça e o skatepark que ficam ao lado dos quiosques. Fechados pela prefeitura, os banheiros estão sujos e sem água e luz, e por conta disso os clientes precisam utilizar os sanitários reservados aos funcionários do local. Hoty de Souza, quiosqueiro há nove anos e funcionário do Costa do Sol, reclama da situação.
– O principal problema dos quiosqueiros hoje são os banheiros voltados para os clientes, porque estão fechados desde o ano passado, quando nós passamos o verão todo com esse problema. Eles estão largados, sem água, sujos, literalmente abandonados pela prefeitura. Hoje os banheiros que são voltados para os funcionários dos quiosques estão sendo usados pelos clientes e até mesmo por banhistas da região, mas não tem como mantermos essa situação – desabafou.
O atual estado dos banheiros tem efeito imediato no movimento dos clientes do local. Hoty afirma que quem chega pela manhã e percebe a falta de estrutura, normalmente não volta para o horário do almoço.
– Para se ter uma idéia, os turistas chegam aqui de manhã cedo e param para tomar uma água de coco. Quando veem toda essa situação, esses problemas, decidem não voltar na hora do almoço e acabam indo comer em um restaurante ou algum lugar que tenha uma estrutura melhor – disse ele, que completou.
– Nós tínhamos um quadro de funcionários maior, e isso teve que mudar, porque não conseguimos manter uma equipe maior. Tenho uma pilha de currículos aqui, mas não posso contratar, porque a orla não tem muito movimento. O resultado disso é que todo mundo perde: a cidade perde, quem está sem emprego perde, nós perdemos. Por isso que o novo prefeito precisa olhar para nós com mais zelo – finalizou.
À Folha, o secretário de Obras de Cabo Frio, Carlos Sant’anna, afirmou que os banheiros em questão estavam incluídos em um projeto da prefeitura para terceirizar o serviço de manutenção, mas não houve tempo hábil para levar a idéia à frente, que poderá ser executada pela nova administração.
– A prefeitura estava desenvolvendo um projeto para terceirizar todos os banheiros públicos do município através de uma licitação, e isso envolveria não só os banheiros dos quiosques, como também de outros locais. Além disso, haveria a construção de banheiros em locais onde hoje não há. No projeto estaria incluída a reforma desses banheiros e a empresa que ganhasse poderia explorar os banheiros cobrando um valor definido pela licitação – explicou.
Mas as reclamações não param por aí. Além da iluminação precária e da falta de acessibilidade – as plataformas elevatórias não funcionam no local – outro ponto citado foi a segurança.
Nesta semana, um turista foi assaltado em frente aos estabelecimentos, o que gerou um clima de insegurança entre os quiosqueiros.
– Durante essa semana um rapaz que segurava seu celular enquanto caminhava na orla foi assaltado em plena luz do dia. Houve muita correria na hora e, mesmo com o posto da Guarda Municipal aqui perto, não conseguiram pegar o ladrão. Se a situação continuar assim, vai começar a afetar o nosso movimento ainda mais, principalmente à noite – disse Bárbara Dahia, gerente do Nica’s Lanches.
Mesmo com tantos problemas, a esperança por tempos melhores continua viva em muitos. A proprietária do Cantinho da Tia Maria, Regina Lúcia, confia que a nova gestão municipal irá olhar com mais atenção para o local e resolver os problemas que tanto prejudicam a vida dos quiosqueiros.
– A área dos quiosques está precisando de manutenção, porque os quiosques estão há mais de dois anos sem esse tipo de serviço por parte da prefeitura. E quando eu falo manutenção, estou falando das áreas comuns, porque nos quiosques nós mesmos fazemos. Por exemplo, o chão em alguns locais já está cedendo, e isso é perigoso para crianças e idosos. Acho que essa nossa área merecia uma maior atenção e maior apoio do poder público. Muitas coisas precisam ser restauradas. Temos esperança que essa nova gestão faça isso, seja mais presente, porque essa área é muito importante para o turismo da cidade.