Com auxílio de sistema de inteligência artificial desenvolvido pela startup israelense TaKaDu, a Prolagos conseguiu reduzir o índice de perda de água tratada na região em 6,15% num período de três anos – o índice em 2014 foi de 31,85%, caindo para 25,70% em 2017. O software foi implantado na empresa em 2015.
– O TaKaDu aprende o padrão de cada sensor que cadastramos nele. Baseado em dados históricos, ele verifica se a vazão em determinado ponto está normal ou não. Se algo estiver errado, o sistema nos envia um alerta, por e-mail ou SMS. A partir disso, o setor responsável é notificado. E uma equipe vai a campo verificar o que está acontecendo – explica Yuri Klein, supervisor do setor de perdas da Prolagos.
Trata-se de um exemplo de como a inovação pode auxiliar companhias de saneamento básico. No caso da Prolagos, o pulmão tecnológico da empresa está numa sala, localizada no segundo andar na sede da concessionária, em São Pedro, repleta de visores com emaranhado de números, gráficos e indicadores.
É o Centro de Controle Operacionais (CCO), onde são monitoradas duas mil variáveis a partir da aplicação de técnicas de inteligência artificial e IoT (sigla para ‘internet of things’, a internet das coisas), análise inteligente de dados e machine learning (mecanismos de aprendizado artificial) – confira dicionário tecnológico em vídeo ao final da reportagem. Isso é possível a partir de mais de mil sensores, que enviam, em tempo real, dados sobre vazão, pressão, consumo de energia e níveis de reservatórios. Verdadeira “mão na roda” para a tomada de decisão no CCO, que funciona 24h por dia – fazem parte da equipe operadores (um para cada turno) e funcionários dos setores de perdas, automação e eficiência energética.
Parte significativa dos ajustes, no entanto, é realizada automaticamente através de sistemas de automação, desenvolvidos na empresa, que utilizam a lógica Fuzzy, modelagem matemática bastante comum em indústrias para controle de processos.
– Com a lógica Fuzzy, conseguimos reduzir intervenções do operador no sistema de abastecimento – explica o responsável pelo CCO, Victor Barreto, que no ano passado ganhou o Prêmio Eficiência e Tecnologia da Aegea Saneamento, holding da qual a Prolagos faz parte, entre 85 inscritos, com software que utiliza a lógica Fuzzy para o controle de boosters (sistema de bombeamento de água).
Reconhecimento – Em parceria coma SAP, companhia especializada em softwares de gestão de empresas, a Prolagos levou sua metodologia de controle, em 2016, para InnoWeeks (Olimpíadas de Inovação), ganhando nas categorias arquitetura e inovação. O projeto foi apresentado na conferência internacional Leonardo Live, na Alemanha, em 2017. Foi considerado pela Forbes como um dos mais interessantes do evento, que também teve participação de empresas como Volvo, MacLaren e Red Bull.
E novos investimentos em tecnologia estão sendo feitos. No momento, são realizados testes com o IBM Watson, ferramenta aplicada à eficiência energética que informa qual configuração adequada do sistema de abastecimento para que se possa economizar o máximo possível. Além disso, a empresa está providenciando melhorias em automação e telemetria, como instalação de novas antenas de comunicação.
Lógica Fuzzy: o milagre por trás do abastecimento ao São José Operário
Enquanto a água jorra de uma das torneiras do Hospital São José Operário, em São Cristóvão, num simples procedimento de rotina da equipe dos enfermeiros, que é a limpeza constante das mãos, um “milagre” tecnológico é operado no sistema de abastecimento.
– Temos um sensor de pressão instalado no hospital, que determinamos como um ponto crítico na rede. Uma válvula em São Pedro, sozinha, sem nenhum operador ter que atuar abrindo ou fechando válvulas, consegue entender como está o abastecimento no hospital, através desse sensor. Se aumenta o consumo, precisamos aumentar a pressão, para dar conta da demanda. O próprio sistema faz tudo sozinho – explica Victor Barreto, exemplificando na prática o funcionamento de um sistema desenvolvido com lógica Fuzzy.
Supervisor administrativo do hospital, Everson Coelho, destaca a importância da água em todos os processos de uma unidade de saúde:
Everson Coelho, supervisor administrativo do São José Operário
– Temos, por exemplo, uma Central de Esterelização, onde fazemos, com auxílio de equipamentos, a limpeza de todo nosso instrumental com vapor d'água, alta pressão e calor. Jamais um hospital pode ficar sem água. Ela é fundamental em tudo.
DIÁLOGO - RICARDO GASNIER - Engenheiro de vendas do TaKaDu
"Informação é o único caminho"
Além disso, ajudamos as empresas a evoluir do trabalho reativo para o preventivo. Nossa experiência mostra que o trabalho emergencial chega a ser até dez vezes mais caro do que o planejado. Quando se identifica o problema antes de que ele vire emergência, é possível planejar, programar a hora de corte do serviço, reduzir o custo da operação e melhorar a imagem da empresa com o cliente.