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MPF investiga colisão entre embarcação de turismo e baleia em Arraial do Cabo

Procuradoria quer saber se empresa Azimute Tour foi autuada após o atropelamento registrado em vídeo no último sábado (6)

10 julho 2025 - 14h00Por Redação
MPF investiga colisão entre embarcação de turismo e baleia em Arraial do Cabo

O Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação para apurar a colisão entre uma embarcação de turismo da empresa Azimute Tour e uma baleia nas águas de Arraial do Cabo. O caso aconteceu no último sábado (6) e foi relatado ao órgão por meio de uma representação acompanhada de vídeo. Em documento que a Folha teve acesso, o Procurador da República de São Pedro da Aldeia, Leandro Mitidieri, solicita ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) informações sobre eventuais autuações relacionadas ao episódio. Ele deu prazo de 30 dias para resposta.

O atropelamento foi em uma região conhecida como Boqueirão, perto da Praia dos Anjos. Imagens de vídeo gravadas por passageiros de outra embarcação mostram o momento em que o barco da Azimute Tour atinge a baleia. A situação gerou revolta não apenas em quem assistiu a cena, mas também em órgãos voltados à causa animal. O site da Agência de Notícia de Direitos Animais (ANDA) publicou que o dono da embarcação “atropelou a baleia propositalmente”.

Um dia antes dessa colisão, a equipe do ICMBio havia feito um comunicado informando “um caso atípico de um espécime de baleia jubarte no ‘mar de dentro’, entre o continente e a Ilha do Farol, na altura da Enseada do Maramutá”, área que fica próxima à do acidente com o barco da Azimute Tour. O animal avistado um dia antes do atropelamento tinha entre 10 e 13 metros de comprimento, e segundo o ICMBio, estava “visivelmente debilitado, com comportamento letárgico, respiração dificultada, infestação por cracas e piolhos de baleia, além de cicatrizes de mordidas de tubarão charuto visíveis pelo corpo”. Até o momento, porém, não há confirmação de que o animal atingido no dia 6 seja o mesmo observado pela equipe no dia anterior.

Segundo biólogos, é comum o surgimento de baleias nesta época do ano naquela região do mar de Arraial do Cabo por conta do período de reprodução das espécies. Para segurança dos animais, uma portaria federal determina que os barcos não podem desenvolver velocidade superior a cinco nós (corresponde a 10km/h). Outra regra determina que haja uma distância de 100 metros entre as embarcações e as baleias. Mas, para o procurador da República, Leandro Mitidieri, é preciso adotar novas medidas para reorganizar o turismo náutico de base comunitária, limitando o número de embarcações na região onde esses animais marinhos costumam aparecer.

Atualmente Arraial do Cabo possui 255 autorizações emitidas para que embarcações explorem o turismo náutico na cidade. Mas segundo o procurador da República, mesmo com pedido para suspensão de emissão de novas licenças, foram emitidos documentos para agentes políticos contrariando tudo o que vinha sendo construído em termos de organização do espaço marinho cabista.