sexta, 25 de julho de 2025
sexta, 25 de julho de 2025
Cabo Frio
21°C
SILÊNCIO

Moeda Social Itajurú completa três meses suspensa em Cabo Frio

Criado em 2021 para combater a vulnerabilidade social, o programa beneficiava mais de quatro mil pessoas, mas foi interrompido após denúncias de irregularidades. Desde então, beneficiários seguem sem resposta do governo

23 julho 2025 - 19h20Por Redação
Moeda Social Itajurú completa três meses suspensa em Cabo Frio

No último domingo (20),o programa da Moeda Social Itajuru completou três meses de suspensão. Lançado em 2021 pelo ex-prefeito de Cabo Frio, José Bonifácio, ele tinha como objetivo inicial beneficiar cerca de 500 famílias do bairro Manoel Corrêa, que viviam em situação de vulnerabilidade social, mas chegou a atender mais de quatro mil pessoas ao ser levado para outros bairros da cidade.

A Moeda Social funcionava como uma espécie de cartão de crédito pré-pago. Todos os meses a Prefeitura recarregava com um saldo de R$ 200. Esse valor podia ser usado para compras em comércios locais cadastrados pelo governo. Em maio deste ano, no entanto, o programa social foi suspenso pelo atual prefeito, Serginho Azevedo.

Na época, o governo municipal anunciou que, após auditoria, detectou “irregularidades graves” no cadastro dos beneficiários: dos 4.500 cadastrados, 1.500 apresentavam erros nos CPFs, impossibilitando qualquer tipo de análise. Também foram detectados que 74 beneficiários não possuíam inscrição no CadÚnico (condição obrigatória para receber a moeda social) ou apresentavam inconsistências nos documentos. Outros 48 eram residentes de outros municípios como Belford Roxo, Japeri, Nova Iguaçu, São Pedro da Aldeia, Guapimirim e Armação dos Búzios; e pelo menos três registros envolviam pessoas falecidas, cujos benefícios continuaram sendo pagos.

Em nota oficial, a Prefeitura chegou a informar que todos os documentos com irregularidades foram encaminhados ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, para as devidas providências. Três meses depois, no entanto, não houve qualquer atualização sobre o caso, e os cerca de 2.878 beneficiários com cadastros regulares seguem sem acesso ao auxílio. Na última quarta-feira (16), a equipe da Folha entrou em contato com a Prefeitura para saber o andamento das investigações, mas não obteve resposta.

Em setembro de 2024, durante a campanha eleitoral, Serginho postou um vídeo nas redes sociais anunciando que além de manter a moeda social, faria melhorias e ainda ampliaria o benefício “garantindo dignidade e respeito a quem mais precisa”. Mas, questionado pela Folha, esta semana, sobre a existência de algum projeto para retomar o benefício, ele também não respondeu.

Em dezembro de 2023 a prefeitura afirmou que o programa circulava em 11 localidades. Além do Manoel Corrêa, foram cadastrados moradores da Boca do Mato, Porto do Carro, Monte Alegre, Estradinha, Rainha da Sucata, Maria Joaquina, Jacaré e entre outros. Este ano o governo anunciou expansão para o Tangará, mas a medida não foi implementada.

Segundo levantamento da própria Prefeitura, em 2023 havia pelo menos 259 comércios cadastrados para aceitar os Itajurús. A maioria das compras era destinada a gêneros alimentícios (80%), seguido por farmácias (10%) e serviços diversos (10%). Em novembro de 2024, o número de estabelecimentos cadastrados caiu para 253. O investimento total estimado com o programa era da ordem de R$ 9 milhões injetados na economia local.