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Mães revelam as dores e as delícias da maternidade

Ninho vazio, insegurança, morte e até a dupla jornada foram apontados como partes ruins de ser mãe

12 maio 2024 - 08h00Por Cristiane Zotich

Neste domingo comemora-se o 92º dia das mães no Brasil. Há quem diga que a primeira celebração foi na década de 1910. Mas foi somente em 1932 que o dia foi oficialmente instituído pelo então presidente Getúlio Vargas, passando a fazer parte do calendário anual, sempre no segundo domingo de maio. Nos Estados Unidos a data é celebrada desde 1914. 

Mas, afinal, o que é ser mãe? Quais os prós e os contras dessa função? Como fazer para dar conta de ser mãe, e ainda trabalhar fora? A Folha conversou, esta semana, com algumas mães, e foi buscar respostas para essas questões. A descoberta foi interessante: ser mãe, por exemplo, pode ser muitas coisas.

Para a jornalista Cacau Araújo, mãe do pequeno Gabriel, de 8 anos, ser mãe é bom demais.

– Gerar e amamentar é delicioso, assim como ver a criança crescer e se desenvolver, ou acompanhar o olhar vibrante e inocente das primeiras descobertas. Poder viver esse amor incondicional é bom demais. O ruim é saber que criamos o filho para o mundo, e que esse mundo está muito louco. Existe uma insegurança que muitas vezes nos obriga a superproteger – contou.

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Cacau Araújo e Gabriel

Com a dupla jornada de mãe e empresária na AYA Comunicação Criativa, ela conta que, para dar conta, “só com muita terapia e uma boa rede de apoio”.
 
– Com a terapia aprendi a lidar com a culpa. Não tenho quantidade de tempo com meu filho que eu gostaria, mas procuro ter qualidade no tempo que temos juntos. E, a rede de apoio que construí com o passar dos anos… Minha mãe me ajuda a dar conta das agendas da criança sem abrir mão do trabalho.

Mãe de dois meninos (Cristiano, 26, e Emanoel, 20), Cristiane Fernandes diz que ser mãe é o significado da vida dela. “Meus filhos são tudo, e não existe Cris sem Cristiano e Emanoel”.

– Meus dois meninos são maravilhosos, sempre foram muito estudiosos. Pra mim, a melhor parte de ser mãe é a própria maternidade, porque é uma energia e uma força que transcendem qualquer tipo de sentimento. Os filhos estão sempre em primeiro lugar na minha vida. É a realização, é você saber que tem alguém que é um pedaço seu. Mas a pior parte é ver um filho sofrer. Você sente a dor dele, e se sente impotente em uma questão onde precisam muito de você, mas você não tem como fazer muito por ele. É também a síndrome do ninho vazio, que eu estou vivendo agora, que é quando os filhos saem de casa, e de repente aquelas pessoas que você superprotegia, que dependiam de você, não estão mais ali. E aí vem aquela falta de ver todo dia, de saber como seu filho está: se está com febre, com dor de cabeça… Essa, pra mim, é a pior parte de ser mãe: a falta de tê-los pertinho – revelou.

Cris Fernandes, Emanoel e Cristiano

Gerontóloga e atualmente secretária da Melhor Idade em Cabo Frio, ela conta que o segredo para dar conta da maternidade e do trabalho é tentar incluir os filhos na sua rotina.

– Graças a Deus sempre tive a oportunidade de ter meus filhos sempre muito perto do meu trabalho. Como gerontóloga, especialista em envelhecimento humano, isso fez com que eu entendesse esse crescimento deles, e ajudasse nesse envelhecimento deles como seres humanos. Ser mãe é tudo. 

Quem também deu um jeito de manter os filhos por perto durante a jornada de trabalho é a vereadora cabo-friense Alexandra Codeço. A primeira vereadora mulher de Cabo Frio a ter dois mandatos consecutivos é mãe de Gabriella (26), João Victor (22) e Gabriel (18), e avó do pequeno Heitor.

– No meu trabalho eu mantenho meus filhos por perto, participando. Sempre pego um deles para trabalhar comigo: em um dia é um, no outro é outro. Eles participam do meu dia-a-dia de trabalho, então estamos sempre próximos. Tem sido assim e tem dado certo - revelou, lembrando que “a melhor parte de ser mãe é saber que, aconteça o que acontecer, eu não estarei sozinha, porque meus filhos estarão ao meu lado. E a pior parte é imaginar a possibilidade de um dia perder um filho”.

Gabriel, Alexandra, o pequeno Heitor, Gabriella e João Victor

A empresária Alda Cunha, proprietária do Hotel La Plage, no Peró, é mãe de filhos já adultos: Marcelo Enrique (44), e  Carlos Cunha (49), e se identificou tanto com Cristiane Fernandes, como com Cacau Araújo sobre as dores e as delícias de ser mãe.

– A melhor parte é gerar, dar a vida e acompanhar eles crescerem e se desenvolverem na vida. A pior parte é a batalha do cotidiano. Eu fui mãe e pai, e muitas vezes não pude estar tão presente como eu queria porque estava ganhando o pão de cada dia. E, claro, isso dói muito - relembrou.

Carlos Cunha, Alda e Marcelo Enrique

Sendo pai e mãe ao mesmo tempo, Alda lembra que as dificuldades foram muitas, mas que a organização foi fundamental.

– Sem isso não é possível porque temos que ter o almoço engatilhado, a roupa lavada, a geladeira abastecida e uma força de vontade ímpar para dar conta. Mas o amor por um filho, no meu caso dois, tornou tudo isso possível.

Proprietária da agência Tropic, e presidente do Cabo Frio Convention & Visitors Bureau, Maria Inês Oliveros é mãe de Wagner Lucas (35), Melody (31) e Juliana (29), e diz que conciliar o trabalho com a maternidade não é uma tarefa fácil, “ainda mais sendo mãe de três filhos”.

– Mas a gente sempre dá um jeito. Mãe, mulher, sempre dá um jeito de tocar várias coisas aog mesmo tempo, temos essa qualidade. Não foi simples, mas dei conta, deu tudo certo no final. 

Assim como as demais mães ouvidas pela Folha, ela também não esconde a felicidade que é ser mãe: “É uma tarefa maravilhosa que eu amo”. Mas diferente das outras, ela acredita que não existe nada de ruim na maternidade, nem mesmo as dificuldades.

– A melhor é ter três filhos maravilhosos como eu tenho, e poder, realmente, semear amor, instruções e muita educação para se tornarem pessoas de bem, de respeito, que respeitem os outros, que não pisem em ninguém para subir na vida, e que sejam felizes. Também é o amor, a contrapartida, o resultado, o retorno de quando eles crescem e se tornam adultos, e você vê o resultado da sua caminhada através deles: filhos com muito respeito, carinhosos, amorosos. Mas, pra mim, não existe pior parte: tudo é bom, até os momentos difíceis são bons para nossa evolução, para nosso crescimento, porque ser mãe é um aprendizado. A cada etapa da vida deles, estamos aprendendo – explicou.