Enquanto a bisavó folheava as páginas, o menino ouvia as notícias atenciosamente, encantado com as palavras e histórias da vida real. A memória afetiva inspira os passos profissionais de Carlos Henrique Silva dos Santos, que hoje está prestes a se formar em Jornalismo. Para isso, voltou às páginas lidas outrora por Conceição Luzia, que faleceu em 2019. O jovem estudante acaba de apresentar à Universidade Estácio de Sá o artigo científico “Folha dos Lagos: a permanência do jornal impresso na era da convergência midiática” como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
— Falar da Folha é falar da minha memória enquanto cabo-friense. Eu cresci escutando a Folha dos Lagos. Minha bisavó lia para mim diariamente. Isso me estimulou a realizar meu sonho. Concluo esse ciclo trazendo um artigo científico sobre a história da Folha dos Lagos, que faz parte da minha história e da história de todo cabo-friense — explica Carlos.
Além de bibliografia sobre a história da imprensa nacional, o artigo baseia-se em pesquisa feita pelo autor no arquivo do jornal e em entrevista com o editor Rodrigo Cabral. Carlos Henrique lembra, por exemplo, que o primeiro jornal fundado em Cabo Frio data de 1863: O Cabo Friense, de propriedade do professor Francisco José Ferraz Durão. Depois vieram dezenas de outros títulos — mais de 70. Em 2025, com sede em Cabo Frio, apenas a Folha dos Lagos segue em formato impresso, sendo também o mais longevo periódico da região.
O autor contextualiza a fundação da Folha em 1990 e suas diversas iniciativas ao longo dos anos, como o Projeto Verão. “Deste projeto, legados foram deixados na cidade, como a criação do tão esperado Fórum de Cultura e a reativação do Conselho Municipal de Emprego e Renda de Cabo Frio”, assinala Carlos Henrique.
O artigo também traz à luz a primeira experiência digital da Folha dos Lagos, ainda em 1999. “O site saiu do ar em 2009 e só retornou em abril de 2014, ano em que o jornalista Rodrigo Cabral, filho de Moacir Cabral, assumiu a direção do periódico. Rodrigo nasceu em meio à redação e a experiência fez com que se apaixonasse desde cedo pelo jornalismo. Ele retornou a Cabo Frio com a missão de assumir o jornal e atualizar a linguagem, o formato e a dinâmica da redação para um tempo marcado por blogs, sites e redes sociais, além de implementar um modelo de negócio para a sobrevivência de um jornal impresso no interior do estado do Rio de Janeiro”, escreve Carlos Henrique.