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Falhas de manutenção e violência nas estradas expõem problemas nos ônibus intermunicipais do estado

10 julho 2025 - 18h22Por Cristiane Zotich
Falhas de manutenção e violência nas estradas expõem problemas nos ônibus intermunicipais do estado

Quem precisa viajar de ônibus, seja a trabalho ou lazer, sempre leva muitas histórias na bagagem. Algumas são de paisagens bonitas, outras de encontros inesperados, e até mesmo de cochilos embalados pelo balanço da estrada. Mas também há quem leve histórias de medo, insegurança, desconforto e até livramentos.

Foi o que aconteceu com os passageiros de um ônibus da Auto Viação 1001 no dia primeiro de julho, uma terça-feira. O veículo deixou a rodoviária de Cabo Frio por volta das 9h com destino ao Rio de Janeiro, mas não chegou ao local. Ainda na Via Lagos, em uma curva da estrada, o ônibus perdeu uma das rodas. Por sorte, nada de pior aconteceu. Os passageiros embarcaram em outro ônibus.

A Folha entrou em contato com a Auto Viação 1001, questionando sobre a manutenção dos veículos, já que este não foi um caso isolado — também existem relatos de ônibus da empresa que perderam o freio durante a viagem. No entanto, não houve resposta.

Em junho do ano passado, o Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Detro-RJ) realizou uma megaoperação para verificar os ônibus intermunicipais em todo o estado. No total, mais de 300 veículos foram fiscalizados na Rodoviária do Rio e no Terminal Menezes Côrtes, ambos na capital; além de terminais em Niterói, São Gonçalo, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Nilópolis, Magé (Piabetá), Itaguaí, Campo Grande, Cabo Frio, Campos dos Goytacazes, Nova Friburgo, Petrópolis, Itaperuna, Araruama e Volta Redonda. Ao todo, 91 coletivos foram recolhidos e 127 autos de infração lavrados. As autuações envolveram veículos de 31 empresas diferentes.

A falta de manutenção nos ônibus foi apontada como um dos principais problemas. Segundo o Detro, foram identificados problemas na iluminação externa, descumprimento de normas de acessibilidade, defeitos em sinais sonoros e luminosos, iluminação interna deficiente, problemas em extintores de incêndio, falta de limpeza do veículo, má conservação de vidros, pneus lisos, além de problemas em aparelhos de ar-condicionado.

Mas os perigos das viagens intermunicipais não se limitam à má conservação da frota. A insegurança nas estradas também tem preocupado passageiros e motoristas. Paradas em locais não autorizados, a pedido de passageiros, são frequentes — principalmente durante a noite ou em trechos de baixa movimentação —, o que aumenta o risco de assaltos.

Assaltos — Só este ano, ao menos três casos de assalto a ônibus da linha entre Angra dos Reis, Paraty e o Rio de Janeiro foram registrados. Um deles foi na véspera do feriado da Sexta-feira Santa, quando o ônibus da empresa Costa Verde (que fazia o trajeto Rio x Angra dos Reis) foi assaltado. O veículo saiu da rodoviária Novo Rio às 18h e passava por Irajá quando teve o assalto anunciado pelos bandidos. Testemunhas contaram que os assaltantes queriam celulares e alianças.

Também este ano, um ônibus da Viação Nossa Senhora do Amparo (partindo do Rio para Maricá) foi sequestrado na Avenida Rodrigues Alves (Caju) e desviado para Bonsucesso. Houve tiros e roubo de celulares, cartões e dinheiro.

Já na cidade do Rio de Janeiro, dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) revelam que, somente nos primeiros três meses deste ano, houve um crescimento de quase 30% no número de assaltos a ônibus. Por conta disso, em maio, o governador Cláudio Castro sancionou um projeto que cria o programa “Ônibus Seguro”.

O objetivo é contratar policiais militares, civis e penais em dias de folga, por meio do Regime Adicional de Serviço (RAS), para atuação nos coletivos que circulam em toda a Região Metropolitana do Rio. A medida também inclui guardas municipais e será viabilizada mediante convênio entre o Estado, as prefeituras e a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor).