Uma recomendação do Ministério Público (MP) para desativar a partir de 2018 a Educação de Jovens e Adultos (EJA) na Escola Municipal Francisco Luiz Sobrinho, em Monte Alto, distrito de Arraial do Cabo, têm tirado o sono dos cerca de 200 alunos, a maioria deles moradores da localidade. A preocupação é que, com o fim do segmento noturno, os estudantes sejam obrigados a se deslocar até as escolas estaduais do município – 20 de Julho e Almirante Frederico Villar – que ficam a cerca de 10 Km de distância. Isso significaria arcar com os custos da passagem (R$ 8,20, ida e volta) e alimentação.
– Muitos trabalham e estudam aqui. Esta é a única escola que possui EJA com base nos distritos. Uma das alunas falou que se sentiu envergonhada outro dia, pois o motorista do ônibus a fez descer por não ter o uniforme. Com certeza, a bandeira do movimento estudantil é a permanência definitiva do EJA em Monte – disse o estudante Felipe Neves, de 31 anos.
O assunto já ultrapassou os muros da escola e chegou à esfera política. Um grupo de alunos foi à Câmara Municipal na terça-feira para cobrar um posicionamento dos vereadores.
Eles querem que os parlamentares pressionem o governo municipal e ajudem a intermediar uma solução junto ao Ministério Público. A situação é complicada, uma vez que a Constituição estabelece que o Ensino Médio deve ficar sob os cuidados do Governo do Estado. Ainda assim, a esperança é que a prefeitura banque a permanência, a exemplo do aconteceu em Cabo Frio, com o Colégio Municpal Rui Barbosa.
– O que queremos do prefeito, da Secretaria de Educação e dos vereadores é que lutem junto ao MP pois toda regra existe suas exceções. E temos um exemplo do Rui Barbosa, que o município permaneceu. Basta o prefeito ser sensível e comprar essa briga – comentou o vereador de oposição Ton Porto (PC do B), o principal interlocutor dos estudantes.
Após a mobilização dos estudantes de Monte Alto, o prefeito Renatinho Vianna (PRB) afirmou que o município tem interesse em manter o segmento. Entretanto, ele alerta para o fato de que o município não pode desobedecer uma recomendação do MP.
– Estamos lutando para impedir que o EJA saia de Arraial. É determinação do Ministério Público, mas a secretária de Educação (Mônica Nilze) vai marcar um horário com eles para tentar resolver isso. A gente está muito contrariado com essa determinação porque entende que é de extrema importância a manutenção do EJA – argumenta Renatinho.
No plano estadual, o deputado Janio Mendes (PDT) tenta costurar uma solução. Janio afirmou que já conversou com o secretário estadual Wagner Victer e agora tenta agendar uma reunião com a secretária de Arraial para buscar um denominador comum. Uma das soluções discutidas seria o uso de algumas salas na escola de Monte Alto, mas sob gestão do Estado.
