Neste domingo (26), às 8h, ciclistas e esportistas da Região dos Lagos vão se reunir em frente ao Supermercado Sempre Tem, na altura do bairro Campo Redondo, em São Pedro da Aldeia. A ideia é promover uma manifestação para reivindicar mais segurança, instalação de radares e construção de ciclovias após mais um ciclista ter sido morto por atropelamento.
Marcelo Neves era presidente da Associação de Ciclismo de São Pedro da Aldeia, e faleceu no último sábado (18) no mesmo local onde haverá a manifestação. Segundo testemunhas, ele trafegava pelo acostamento quando foi atingido por uma motorista que voltava de uma balada e apresentava sinais de embriaguez. De acordo com a advogada da família da vítima, a mulher tentou fugir do local do acidente, mas acabou sendo presa.
O caso de Marcelo não é isolado. Também no sábado (18), outro ciclista foi atropelado, desta vez no Caminho de Búzios, em Cabo Frio. Manoel Reis, de 60 anos, morreu no local. De acordo com familiares, ele voltava do trabalho quando foi atingido.
Em abril deste ano, Rogério Zera (nome artístico de Rogério Laurentino da Silva) foi atropelado cerca de 1,4 km do mesmo local onde Marcelo foi morto. Ele também pedalava pelo acostamento quando foi atingido por um motorista que, segundo testemunhas, dirigia em alta velocidade. O impacto foi tão forte que o veículo capotou. Rogério morreu na hora. Um dia depois, outro ciclista foi atropelado também na RJ-140, próximo ao bairro São João. Ele foi levado com vida para o pronto socorro de São Pedro da Aldeia.
A manifestação deste domingo já tem presença confirmada de representantes de várias cidades da Região dos Lagos e de outras partes do Estado do Rio de Janeiro, entre eles os Aventureiros do Pedal, Caçadores de Km, Bike Esperança, Galáticos do Pedal, Aldeia Bike, Pedala Aldeia, Bike Tour, Pedal Aventura, Super Giro, Clube Bike House, JW Bikes, Show Bike, Bike Night, Iguabike, Pedal Imaculada Conceição, Super Bike, Ciclistas Aldeenses, MTB Carapebus, Pedal do Urso, Grupo Pedal “Não entra que é furada”, Livre-se, Fênix do Pedal, Pedala Rio das Ostras, Pedal das 9h, Associação Ciclística de Casimiro de Abreu, Cabo Frio e de Armação dos Búzios, Bora Korrer, Pedal Solidário, Cicloterapia Araruama, Pedal Aventura, Ohana Loa, entre outros.
“É hora de fazermos com que os governantes olhem para a nossa região com atenção e responsabilidade.
Precisamos de educação no trânsito, fiscalização, campanhas de conscientização, sinalização adequada, ciclovias e radares. São muitas as necessidades e tantas as pistas sem acostamento, colocando em risco a vida de trabalhadores e ciclistas. Não estamos lutando apenas pela classe dos ciclistas esportivos, mas também pelos ciclistas urbanos, trabalhadores que enfrentam essas estradas e rodovias diariamente, muitos deles não conseguem voltar para casa”, postou a página Galáticos do Pedal.
“Iremos reivindicar nossos direitos como ciclistas, urbanos e amadores, por todos os pedestres e corredores, pelo direito de ir e vir com segurança. Queremos passarelas, radar, quebra mola, ciclovia e tudo que temos direito para nossa proteção! Acima de tudo, queremos respeito”, reforçou o grupo Aventureiros do Pedal.
Em vídeo postado nas redes sociais nesta terça-feira (21), a viúva de Marcelo, Flávia Neves, disse ter visto algumas imagens do acidente que vitimou o marido, e revelou o quanto a perda repentina a afetou.
– Me tirou a paz, me tirou o sono. Pra dormir eu preciso tomar remédio, coisa que eu nunca fiz. Nunca precisei tomar nenhum remédio controlado, mas eu preciso porque não consigo dormir. Isso abalou a mim e aos meus filhos, desestruturou toda a casa. Eu nunca imaginei que fosse passar por isso algum dia, ser também uma vítima de um assassinato, porque o que aconteceu foi um assassinato. No sábado eu saí de manhã pra uma corrida, e deixei meu marido vivo em casa. E quando voltei ele estava morto no hospital. Tem sido muito difícil digerir e acreditar em tudo isso, até agora. E é uma dor que eu preciso administrar junto com todas as outras responsabilidades que agora são todas minhas, e que antes eram dele. E vem ainda a questão do medo e da insegurança porque eu uso bicicleta, vou pra vários lugares de bicicleta, tenho amigos ciclistas. E agora, será que eu continuo pedalando? A gente precisa se manifestar, sacudir o poder público, chamar a atenção da Prefeitura de São Pedro da Aldeia e das cidades vizinhas para ver uma diferença, e exigir segurança e respeito - contou.
Em abril deste ano, após o atropelamento e morte de Rogério Laurentino, a Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que todos os trechos das RJ-140, na Região dos Lagos, possuem policiamento reforçado para prevenir acidentes. Revelou ainda que, por mês, são registrados cerca de 1.600 autos de infração, e que no carnaval deste ano foram registrados 119 acidentes, uma queda de 56% em comparação ao mesmo período do ano passado.
Já o Departamento de Estradas e Rodagens (DER) disse que realiza um estudo para a implantação de novos equipamentos de controle de velocidade. No entanto, desde maio todos os painéis de velocidade e fiscalização eletrônica das rodovias estaduais do Rio de Janeiro estão com apagados ou inoperantes. Segundo informações, eles foram desativados por estarem em locais classificados como áreas de risco, conforme determina a Lei Estadual nº 7.388/2017, que está em vigor desde maio de 2017. A suspensão afeta toda a extensão da RJ-140, além de outras rodovias estaduais que cortam a Região dos Lagos.





