ALEXANDRE FILHO
Com recém-completos 18 anos de idade, o skatista cabofriense Victor Lima já tem em sua casa uma coleção de troféus de sua curta carreira nas pistas do Rio de Janeiro e do Brasil.
Sua vida sobre quatro rodinhas começou muito cedo, por influência do pai, seu Lico Lima, que também é skatista e costumava se aventurar em cima do shape junto com seus irmãos na adolescência.
A decisão de largar o futebol e começar a praticar skate espantou a família, mas Victor estava decidido. Aos 11 anos, ao participar do sprimeiro campeonato, veio a primeira medalha de ouro. Desde então, o menino cresceu e outros títulos vieram. Campeão Estadual Mirim em 2012, Campeão Macaense Mirim em 2012 e novamente Campeão Estadual Iniciante em 2016, são alguns dos mais importantes.
– Andar de skate me faz feliz demais! Às vezes estou com vários problemas, coisas da vida mesmo, chateado com alguma coisa. Daí eu venho andar de skate e parece que eu esqueço tudo. Quando eu começo a andar, me sinto melhor, porque o skate já faz parte de mim. É uma parada que não dá para separar. É algo muito bom. O skate tem me levado a lugares que eu não imaginava ir, e conhecer pessoas novas – declarou.
O último torneio que ele participou foi o Campeonato Brasileiro de 2018, ocorrido este mês em Brasília, no qual apenas a nata do esporte esteve presente. Convidado para estar lá devido ao bom desempenho e por ter sido campeão carioca em 2016, Victor explica que o nível do campeonato foi o melhor possível. Ele ficou em 14º na competição e gostou da experiência.
– Hoje tenho o apoio de uma loja virtual que tem me ajudado bastante, me dando peças e assessórios. Mas, para viajar me falta apoio, principalmente dos empresários de Cabo Frio. Saí para Brasília agora a pouco para representar o Rio de Janeiro e Cabo Frio e foi minha família que teve que custear a viagem – explicou.
– Às vezes minha família tira dinheiro de onde não pode para poder acreditar no meu sonho – finalizou ele, que disse ter o sonho de disputar as olimpíadas num futuro próximo.
Tirando os treinos, que realiza todos os dias das 19h às 22h na pista de skate da praia, Victor leva uma vida de um adolescente comum. Segundo ele, ir para a praia surfar e curtir com os amigos é um dos seus hobbies, além de ir ao shopping pegar um cinema.
No 3º ano do ensino médio, ele sabe que, apesar de todo o talento que tem, a carreira no skate pode não vingar. Por isso, já pensa em um plano B, no qual possa ajudar seu pai, que atualmente tem um projeto no qual dá aulas de skate na pista da cidade.
– Se não der certo, eu tenho planos de me tornar professor de educação física, porque dessa forma poderei ajudar meu pai com as aulas de skate dele. Mas meu sonho mesmo é poder tirar o meu pai daqui. Levar ele para lugares mais altos, porque ele é um professor excelente, ajuda muito as crianças aqui na pista. Então eu quero sonhar e colocar ele dentro do meu sonho, talvez abrir uma escola de skate no futuro, que tenha muitos alunos – disse.
Apesar de a cidade contar com uma pista de alta qualidade na cidade, Victor diz que não há incentivo para o esporte em Cabo Frio, e ainda fala sobre um problema que vem diminuindo a prática do esporte: as drogas.
– Não só no skate. Muita gente que fazia muita coisa em Cabo Frio, como futebol, surfe, se deixou levar pelas drogas. Isso é tudo uma ilusão. Eles começam por más influencias, começam a usar por onda, mas quando veem já estão perdidos – disse ele, que afirmou que o esporte pode ser sim uma saída para o problema.
– O bom é que o esporte te ensina a sempre ser humilde, a falar com todos da mesma forma. Às vezes as pessoas julgam muito. Veem a gente andando de skate e acham que nós somos maconheiros, mas não somos. Quem está aqui andando não é. Eu sou de um projeto da minha igreja, e meu pai mesmo ensina várias coisas positivas para os meninos da escola de skate dele aqui, e pergunta sobre como está o desempenho no colégio, as coisas em casa, que é o mais importante. Além do skate, manter o bom relacionamento com a família – disse.