Aos 29 anos recém-completados, Thais Macedo soube pisar devagarinho no chão do mundo do samba, como sugere o verso do clássico “Alguém me Avisou”, de Dona Ivone Lara, morta no último dia 16. Mas com talento e trabalho, a jovem cantora vem ganhando espaço entre as revelações da MPB, desde que lançou o álbum de estreia, o EP ‘Borogodó’ (2015), trabalho de sonoridade contemporânea.
Os dois universos – a tradição representada pela grande dama do Império Serrano e a modernidade do trabalho de acento pop de Thais – estarão presentes no tributo que a jovem macaense criada em Rio das Ostras vai fazer neste sábado (28), ao lado de Roberta Espinosa, durante o Santo Samba, no Oceans Hostel (Av. Teixeira e Souza, 2.424, Braga) em Cabo Frio, a partir das 18 h.
– Falo que o meu trabalho tem tendência a ir para a música pop, mas sem romper com o tradicional. O samba tende a ser conservador. Busco que o meu trabalho seja coerente com a minha idade, mas sem deixar de olhar para trás, a bagagem que trouxe na minha carreira. O samba é a minha escola – reconhece.
A segunda participação de Thais no projeto, ela conta, estava prevista antes mesmo da morte da baluarte da escola da Serrinha. O fato em si e o legado deixado pela veterana sambista, que tinha 97 anos, tornaram o evento de hoje um óbvio tributo à artista e ao que ela representou.
– Ela foi uma das maiores representantes femininas no segmento. Uma das responsáveis por ter tantas mulheres no samba. Era um espaço muito masculino, a mulher não tinha tanta abertura e passou a ter graças a sementinha que ela plantou. Nada mais justo fazer a homenagem – explica ela, que já se apresentou com gente da linhagem de Arlindo Cruz, Monarco e Zeca Pagodinho.
Thais espera com ansiedade o reencontro com Cabo Frio.
– Estou muito em feliz em voltar ao Santo Samba. Precisamos de movimentos assim no interior – finaliza.
