Cabo Frio passa a contar, a partir do dia 2 de maio (sexta-feira), com uma livraria voltada para o público infantil. A Livraria & Café Petit, idealizada pelo casal Dio Cavalcanti e Carol Barros, fica localizada na Rua Sapoti, no bairro Novo Portinho, ao lado da Nossa Escola Montessori, da qual os dois também são gestores. O funcionamento será de terça a sábado, das 11h às 19h.
Mais do que um espaço de venda de livros, o espaço nasce como um centro de incentivo à leitura, ao imaginário e ao convívio com as artes. “Sempre tivemos o sonho de abrir uma livraria por entender que o contato das crianças com a literatura modifica completamente a visão de mundo”, conta Dio, que tem uma trajetória ligada ao teatro na cidade, junto de Carol, também atriz e educadora. O projeto une as paixões do casal pela arte e pela educação e se alinha à proposta pedagógica da escola, baseada no método Montessori.
Com mobília adaptada, ambiente estimulante e curadoria feita por Carol, a livraria oferecerá títulos infantis, infantojuvenis e também livros para adultos. O foco está em obras que não entregam tudo pronto, mas convidam as crianças à elaboração de sentidos, com apoio de texto e ilustração.
A Petit terá ainda um café e pretende funcionar como espaço cultural. A programação incluirá contação de histórias, clubes de leitura, saraus e encontros voltados para toda a família. Além disso, o projeto conta com a parceria da Sophia Editora. “Acreditamos que quando nos conectamos com pessoas que têm o mesmo propósito, o propósito em si é que se eleva”, resume Dio.
Folha - O que motivou a criação da Livraria & Café Petit?
Dio - Eu e a Carol, que somos responsáveis pela livraria, somos um casal e amantes das artes em geral. Nos conhecemos fazendo teatro e temos uma história aqui na cidade — eu com o grupo Creche na Coxia, ela com o grupo Intrusos de Teatro e com o programa infantil Carol Caracol. Sempre tivemos o sonho de abrir uma livraria por entender que o contato das crianças com a literatura modifica completamente a visão de mundo e aprofunda o olhar sobre a vida.
Hoje somos os gestores da Nossa Escola Montessori, que fica ao lado da livraria. Mantemos oito projetos literários ininterruptos durante o ano com crianças de 1 ano até o ensino médio. Somos a única escola particular que ainda leva os alunos à Biblioteca Municipal. O hábito da leitura foi sendo construído com esse fomento contínuo, e o fato de a escola nunca ter permitido o uso de celulares, mesmo antes da lei federal, contribuiu muito. Isso abre espaço para as crianças respirarem, se olharem, conversarem e até viverem o ócio, que é algo muito necessário.
Folha - Como a proposta da livraria se conecta com a pedagogia montessoriana?
Dio - Maria Montessori revolucionou a educação com uma pedagogia científica baseada na observação da criança em liberdade. Um dos pilares é o ambiente preparado — aquele que oferece segurança, autonomia e liberdade para a criança explorar. A livraria é um universo preparado para o mundo infantil: temos mobiliário adaptado para que elas possam se sentar, levantar e explorar com segurança. Estimulamos a percepção sensorial — o que veem, ouvem, tocam, cheiram — porque é assim que se desenvolvem com profundidade.
Folha - Que tipo de livros o público vai encontrar?
Dio - A curadoria foi feita pela Carol Barros. O público vai encontrar livros infantis, infantojuvenis e também títulos para adultos. O foco é oferecer obras elaboradas por autores e artistas que respeitam o pensamento da criança — nada entregue de forma mastigada. São livros que dialogam com a criança e a convidam a construir sentidos junto com o autor e a ilustração.
Folha - Como é a parceria com a Sophia Editora nesse projeto?
Dio - A Sophia Editora tem um papel muito importante na cidade. É muito significativo termos uma editora local, considerando a quantidade de artistas e escritores com talento que temos por aqui. Acreditamos que, quando nos conectamos com pessoas que têm o mesmo propósito, o propósito em si é que se eleva. Nossa ideia é juntar forças para que a literatura chegue a mais pessoas em Cabo Frio, nas cidades vizinhas e, por meio do marketplace, em todo o Brasil.
Folha - Também haverá uma programação cultural?
Dio - Sim. Nossa ideia é fazer com que a livraria seja um ponto de encontro para outras artes também. Teremos clube de leitura, contação de histórias, sarau. Queremos movimentar o espaço com esses eventos, para que a arte em geral seja divulgada na cidade, num ambiente dedicado às crianças — mas com momentos também voltados ao público adulto. Além disso, teremos um café no local. Vamos servir expresso, cappuccinos, chocolate quente e algumas opções de lanche.
Folha - Na sua visão, por que é importante aproximar as crianças do universo da leitura desde cedo?
Dio - Eu teria inúmeras respostas para dar, pensando nas diferentes faixas etárias com que trabalhamos na escola. Mas hoje nossa maior preocupação é conectar a criança a um universo real que mobilize o imaginário. As telas entregam tudo de graça, exigem pouco esforço da criança. Já o livro estimula a imaginação a partir de algo concreto, real. O livro, assim como a natureza, precisa ser uma arma contra esse excesso de tela — para reconectar a criança ao que ela tem de mais humano.