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DO CINEMA AO TEATRO

Após sucesso nas telonas, Daniel Ericsson mergulha em solo teatral inspirado em Dostoiévs

Ator de Cabo Frio celebra a repercussão do filme premiado e se prepara para estrear um espetáculo que explora temas como desilusão e redenção espiritual

08 janeiro 2025 - 12h36Por Redação
Após sucesso nas telonas, Daniel Ericsson mergulha em solo teatral inspirado em Dostoiévs

Esta semana a atriz Fernanda Torres brilhou ao conquistar o Globo de Ouro, um dos prêmios mais prestigiados do cinema mundial e considerado um verdadeiro "termômetro" para o Oscar. Ela foi eleita melhor atriz de drama por sua atuação em “Ainda Estou Aqui”, filme que já conquistou mais de 3 milhões de espectadores. No elenco da produção, destaca-se Daniel Ericsson. Enquanto celebra o sucesso do longa, a vitória de Fernanda, e a expectativa de uma possível indicação do filme ao Oscar (cuja lista de indicados será anunciada no próximo dia 19 de janeiro), o cabo-friense de coração já está imerso em seu próximo desafio:  a montagem do espetáculo solo baseado no conto do escritor russo Fiodor Dostoievski,- “O sonho de um homem ridículo”, escrito em 1877. A previsão de estreia é para fevereiro deste ano.

A publicação de Dostoievski narra as experiências de um homem mergulhado em reflexões sobre as contínuas frustrações em sua vida, bem como a falta de significado, propósito ou valor no mundo que o rodeia. Enquanto anda pelas ruas de São Petersburgo, essa linha de pensamentos o leva a ideia de cometer suicídio. No entanto, um encontro casual com uma garotinha angustiada durante essa caminhada noturna, faz o homem repensar sobre todas as coisas que o atormentam. É uma história que aborda questões sobre o pecado original, a perfeição humana e os esforços em direção a uma sociedade ideal.

– Na adaptação para o teatro, para trazer Dostoiévski para mais próximo de nossa realidade, a montagem não se passa em São Petersburgo. Minha intenção é de que, no trabalho, o homem ridículo seja uma pessoa qualquer, em um lugar qualquer, já que a tônica é a esperança, algo que não aceita barreira alfandegária ou fronteiras. É comum a todos os povos e nações. Então no teatro vou contar a história de um homem solitário e desiludido que, após decidir se suicidar, tem um sonho transformador. No sonho ele visita a terra não corrompida pelo mal e encontra uma sociedade utópica. Lá, as pessoas vivem em harmonia, amor e compreensão. Ao acordar, o homem se sente renovado e inspirado a compartilhar sua visão. Ele acredita que a humanidade pode alcançar essa utopia através da transformação espiritual e da união - explicou Daniel.

Mas, contar esse tipo de história, não é algo fácil. Artisticamente, Daniel lembra que o desafio maior “é lidar com um assunto muito delicado, que é a esperança frente a desilusão que a humanidade pode nos causar”.

– Em meio a um tempo de guerras pelo planeta, separatividade, segregação, violência contra as minorias, este texto se propõe a recapitular a história humana e buscar o ponto de reconciliação com o bem. É um tremendo desafio. Além do tema, nossa decisão artística é por fazer com o que temos: nossa potência e nosso talento. Com isso quero dizer que não temos um cenário, não dispomos de outros recursos a não ser o ator, a direção e a iluminação. É um espetáculo cru e honesto. O outro desafio é a falta de apoio à cultura. Precisamos de equipamentos públicos para criar arte para a população, ou precisamos de fomento de iniciativa privada, ou edital de cultura para custear nosso trabalho. Mas ambas as coisas estão escassas neste momento na nossa cidade - desabafou o ator, que torce para que o sucesso do filme “Ainda Estou Aqui” incentive mais o apoio à cultura. “O filme despertou, nas pessoas, um orgulho da cultura produzida pelo Brasil. Então, nossa expectativa é que este orgulho se estenda também para os espetáculos em forma de patrocínio, e também de público”, defendeu o ator, lembrando que “o artista tem o compromisso de apresentar a uma sociedade um espelho de sua natureza. Não podemos continuar deixando a cultura para ‘quando todo o resto estiver bem’ porque a cultura gira economia, dá suporte a educação, oferece alternativas aos jovens e promove a identidade do povo”.

Outro projeto de Daniel para 2025 é o lançamento (em breve) de uma oficina de interpretação para TV e cinema em algumas cidades da Região dos Lagos. A ideia é colocar os alunos em contato direto com as câmeras através de aulas 100% práticas.

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