sexta, 26 de abril de 2024
sexta, 26 de abril de 2024
Cabo Frio
26°C
Park Lagos Super banner
Park Lagos beer fest
TODO CUIDADO É POUCO

Municípios da Região dos Lagos se preparam para possível terceira onda de Covid-19

Apesar das medidas, especialista alerta que "ninguém está pronto" para eventual novo pico

12 junho 2021 - 12h35Por Rodrigo Branco

A confirmação de casos de pessoas infectadas com a variante indiana do novo coronavírus no país, inclusive no estado do Rio, acendeu a luz de alerta para especialistas e autoridades quanto à possível chegada de uma terceira onda ainda no mês de junho. Soma-se a isso o ritmo lento da vacinação, uma vez que apenas 11% da população está imunizada [recebeu as duas doses]; o baixo índice de isolamento social e a diminuição das temperaturas, com a aproximação da chegada do inverno, estão postas as condições para a elevação no número de casos e de mortes. 

Na Região dos Lagos, os municípios se movimentam discretamente, sem alarde, à espera do repique. Em Cabo Frio, o mês de maio fechou com 1.399 casos confirmados de Covid-19, o maior número já registrado no município em toda a pandemia, superando dezembro de 2020, que registrou 1.312. Em relação às mortes, o índice caiu de 99, em abril, para 86, no mês passado, os dois maiores índices desde o surgimento do novo coronavírus. 

Em nota enviada para a reportagem, a Prefeitura de Cabo Frio informou que já está sendo feita uma análise do cenário epidemiológico atual do município baseado no levantamento dos últimos resultados dos testes de detecção da Covid-19, casos confirmados, internações e óbitos decorrentes da doença. De acordo com o secretário municipal de Saúde, Felipe Fernandes, “entender o desenvolvimento e os ciclos do vírus na cidade é fundamental para que sejam tomadas novas medidas para prevenir o avanço do coronavírus e garantir a saúde da população cabo-friense”.

Atualmente, o município se encontra com bandeira laranja, que representa risco alto de contágio pela doença. Pela última atualização antes do fechamento desta reportagem, de quarta-feira, dia 9, o índice de ocupação de leitos para pacientes graves é de 77%. De acordo com a Secretaria de Saúde, entre as medidas citadas pelo município para o enfrentamento da terceira onda de Covid estão a ampliação da testagem nas Unidades da Atenção Primária, sendo quatro unidades para o teste Swab e 23 unidades, para teste rápido; análise semanal dos dados epidemiológicos atualizados; encaminhamento de exames para sequenciamento do genoma viral, visando a detecção de variantes do coronavírus; atualização do Plano de Contingência para Prevenção e Controle da Covid; análise semanal da taxa de ocupação de leitos; campanha da vacinação contra Covid-19 e o estímulo para que a população mantenha o uso correto da máscara, uso de álcool gel / lavagem frequente das mãos e evitar aglomerações.

Apesar disso, o município ainda se vê às voltas com gargalos, como o Hospital de Tamoios, que segue fechado e sem previsão de reabertura. De acordo com a Prefeitura, apesar da obra realizada no ano passado, o Hospital de Tamoios foi recebido em janeiro “sem condições de ser utilizado”. De acordo com a Prefeitura estão sendo providenciados os reparos necessários, mas, enquanto isso, os equipamentos estão reforçando o atendimento de pacientes com a Covid-19 em outras duas unidades: a UPA de Tamoios e o Hospital Municipal Otime Cardoso dos Santos, no Jardim Esperança.

Vizinho separada por poucos quilômetros, Arraial do Cabo declarou estar em um momento de reestruturação da rede de atendimento de saúde. De acordo com a Prefeitura, diversas melhorias estão sendo feitas no Hospital Geral da cidade para melhoria da classificação dos pacientes e atendimento. Com relação às medidas restritivas de acesso à cidade, o município tem um decreto em vigor que estabelece limitação da capacidade dos diversos meios comerciais, assim como exige a apresentação de QR-Code para acesso ao Município por visitantes aos fins de semana e feriados. Esse decreto foi recentemente flexibilizado e, com isso, as barreiras sanitárias não funcionam mais nos dias úteis.

Situação oposta vive Búzios, que anunciou há duas semanas maior rigor no controle de acesso ao balneário. O município não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre a possível terceira onda, mas celebrou, nos últimos dias, o fato do município ostentar a menor taxa de letalidade [número de mortes dividido pelo de casos] de Covid na Região dos Lagos, com 1,2%. No texto, a Prefeitura afirma ter investido “na estruturação da rede de saúde, aquisição de novos equipamentos, ampliação de leitos, aumento do quantitativo de profissionais na linha de frente, e reforço do abastecimento de insumos”. 

Questionada sobre o assunto, a Prefeitura de São Pedro da Aldeia foi evasiva e limitou-se a dizer genericamente que o município trabalha para manter o equilíbrio epidemiológico e econômico, para garantir o “direito de ir e vir" para a população. No texto, a Prefeitura adverte que os moradores precisam intensificar os cuidados, dada a maior transmissibilidade da nova variante da doença.

Com maior ou menor intensidade, as iniciativas não serão suficientes, na opinião do médico Marcelo Paiva Paes de Oliveira. O especialista em Saúde Pública espera a adoção de medidas paliativas, quando o surto se intensificar.

– Não existe ninguém preparado para a terceira onda da Covid. Todos tratarão a terceira onda como se tratou a segunda e a primeira. Ou seja, fechando uma outra atividade para evitar uma circulação mais rápida do vírus no momento onde mais pessoas estão doentes, e assistindo do ‘camarote da incompetência’ a morte daquelas que já estão doentes, e não conseguiram leitos para tratamento – dispara.

Governo do Estado fala em ‘quarta onda'

No momento, o cenário da Covid no estado do Rio aponta para estabilização e até mesmo redução, como a observada em relação ao número de mortes registradas em maio. No período de duas semanas, o percentual de óbitos no mês passado caiu 25%. Na análise da Secretaria Estadual de Saúde, a terceira onda estaria no fim, com o Rio na iminência se entrar numa ‘quarta onda’. A terceira onda teria coincidido com a circulação da variante de Manaus nos municípios fluminenses.

Seja como for, com relação à Região dos Lagos, não há sinal de reforço na rede de leitos hospitalares, quase três meses após a promessa do governador Cláudio Castro de reabrir o Hospital Unilagos para atendimento de pacientes graves na região. 

Para o médico Marcelo Paiva Paes de Oliveira, a estratégia não admitida publicamente é buscar a redução da força de circulação do vírus.

– Alguns governos desistiram e outros nunca se importaram em controlar a pandemia. Eles agora apostam na imunidade de rebanho, que ainda está distante, mas a aposta é de que a soma de pessoas vacinadas e de pessoas contaminadas acabará conseguindo promover uma perda de força do vírus – avalia.

Cabo Frio chega a 600 mortes por Covid

Nesta sexta-feira (11), Cabo Frio atingiu a marca de 600 mortes pelo novo cornavírus desde o começo da pandemia. Ao longo desse período, foram registrados 11.320 casos confirmados da doença. Também foram computados 9.890 recuperados.