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PREOCUPAÇÃO

Covid: Maioria de casos graves em Cabo Frio em outubro foi de pessoas com ciclo vacinal incompleto

De outro lado, município anunciou que acaba de zerar internações nas UPGs da rede pública

26 novembro 2021 - 13h32Por Rodrigo Branco

Os dados da Secretaria de Saúde de Cabo Frio apontam que o avanço na campanha de vacinação tem sido importante para reduzir a marcha da Covid-19 no município. De outro lado, a resistência ou esquecimento na hora de completar o ciclo vacinal aumenta o risco de infecção pela doença. De acordo com informações enviadas para a reportagem da Folha, no mês de outubro, 100% das pessoas internadas na faixa etária de 50 a 69 anos e 50% na de 70 a 79 anos, não haviam tomado sequer a primeira dose do imunizante.

Outro indicador, que se tornou um marco no combate à pandemia na cidade, é que esta semana o município conseguiu zerar as internações de pacientes com novo coronavírus nas unidades de pacientes graves (UPGs). É a primeira vez que isso ocorre desde que começou a ser feito o monitoramento pela Secretaria de Saúde. Nos três leitos de UTI da rede privada, apenas um está ocupado. Já nos leitos de enfermaria da rede pública, dos 30 disponíveis, um tem paciente internado. Na rede privada não há internações em enfermarias nesta quarta-feira.

De acordo com o secretário Felipe Fernandes, foi possível chegar a esse quadro com a testagem em massa da população e as medidas restritivas, contudo ele adverte ara que as pessoas vão ou retornem aos postos para se imunizar.

– A segunda dose é muito importante, pois aumenta a proteção contra a covid-19 e ajuda a prolongá-la. O estoque de imunização é separado em primeira e segunda dose, e as vacinas ficam reservadas. O avanço da imunização é uma ação conjunta e conta também com cada cidadão que se vacina conforme o calendário, tomando todas as doses da vacina – diz Felipe.

Até o fechamento desta reportagem, com dados de 22 de novembro, Cabo Frio havia aplicado 326.191 doses das vacinas contra a Covid-19. Deste total, 173.092 pessoas receberam a primeira dose; 126.933 foram imunizadas com a segunda dose; 4.814 receberam a dose única; e 21.352 cidadãos cabo-frienses foram vacinados com a dose de reforço. O Painel de Vacinação da Covid-19, com todos os números da vacinação no município está disponível no link: https://cabofrio.rj.gov.br/painel-vacinacao/

Para a infectologista Apparecida Monteiro, a cultura de vacinação disseminada no Brasil por décadas faz a diferença em relação ao que se vê em outros lugares do mundo. 

– Hoje já se fala numa quarta onda. A gente tem visto um aumento dos casos na Europa. O Brasil tem a cultura da vacina. A gente observa que hoje temos vacinados o maior número de pessoas vacinadas do que nos Estados Unidos, que começaram a vacinação muito antes. Mas a cultura deles não é como a nossa. Então se tivéssemos autoridades focadas em realmente melhorar a condição de vida da população, hoje estaríamos com muito menos risco do que o resto do mundo. Precisamos manter essa briga para vacinar. Quanto maior número de vacinados, menor o número de doentes, pois deixamos de perceber a circulação do vírus –adverte.

O número de óbitos também tem caído drasticamente ao longo do tempo. Em novembro, até o dia 24, foram registrados sete contra 48 em outubro, o que corresponde a uma redução de 85%. Atualmente, o município está na Zona Laranja de contaminação da Covid-19. Conforme o boletim da Secretaria Municipal de Saúde, além dos 900 óbitos, Cabo Frio até o momento registrou 15.371 casos confirmados. Outras 35 mortes estão em investigação. 

Apesar dos números promissores, a infectologista avisa que ainda não é hora de abaixar a guarda em termos de prevenção.

– Vacinar é imprescindível. A vacina, de modo geral, mudou a história da Humanidade. Foi uma das maiores conquistas do ser humano. Mas não é só a vacina. A questão da higienização das mãos fez uma diferença muito grande e espero que a gente consiga essa herança daqui para frente, pois ela também vai ajudar na diminuição do número de casos de outras doenças. O uso da máscara e o distanciamento ainda se fazem necessários. Vamos tomar o resto do mundo como exemplo. A gente percebe que lá fora as ondas vem um pouco antes. Então a gente tem a chance de olhar e perceber que a gente pode mudar. Então é vacina, vacina e vacina. É a melhor opção – finaliza a especialista.