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Coluna

Paradoxo de Salomão

17 julho 2025 - 14h52

Um turista brasileiro, após realizar compra em uma loja de Pequim, apresenta seu cartão de crédito para pagamento. O caixa olha curioso para o objeto e diz que aquela forma de pagamento não era mais aceita, somente através do WeChat Pay, meio que utiliza biometria ocular ou chip na mão. Este episódio mostra a evolução da tecnologia aplicada aos meios de pagamento. Recentemente participei do 3º Congresso de Administração dos Países de Língua Portuguesa, evento promovido pelo CRA-RJ, onde, entre vários palestrantes, pude ouvir a Secretária-Executiva da Controladoria-Geral da União (CGU), que fez uma exposição da utilização da Inteligência Artificial (IA), nas atividades daquele órgão e os resultados obtidos, com substancial eficiência, economia financeira e de tempo.         

Estes são alguns exemplos da filosofia “Kaizen”, aplicados na melhoria contínua e incremental dos processos, produtos e serviços, envolvendo diversos níveis das organizações.  Kaizen é uma palavra de origem japonesa, que significa “mudança para melhor” ou “melhoria contínua”. Uma frase emblemática traduz essa filosofia: “Hoje, melhor do que ontem; amanhã melhor do que hoje”. Peter Drucker (1909 – 2005), escritor austríaco, disse certa vez: “As únicas coisas que evoluem por vontade própria em uma organização são a desordem, o atrito e o mau desempenho”. Então, é preciso querer, estudar e crescer. Desde os primórdios, os homens vêm evoluindo. O salmista Davi, em um dos seus cânticos escreveu: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto” (Salmo 51:10). Como as águas de um rio que passa, o que é hoje, amanhã não será o mesmo.

O consultor de Ética e Compliance, Antônio Carlos A. Telles, foi feliz ao dizer: “Ninguém pode considerar-se pronto: pessoas e organizações são seres inacabados. Não se deve nunca interromper o esforço de evoluir. O sucesso do passado nunca garante o sucesso do futuro”. Porém, há uma realidade que não podemos deixar de ignorar, e que foi muito bem sintetizada numa frase, pelo escritor americano Robert T. Kiyosaki: “A maioria das pessoas quer que todos no mundo mudem, menos elas próprias”.

Para aplicarmos a filosofia Kaizen, cinco princípios são necessários: melhoria contínua; envolvimento de todos; orientação por dados; melhoria de processos e cultura de mudanças. Isso não envolve grandes saltos de inovação, mas sim pequenas mudanças que, acumuladas, levam a grandes resultados. Paradoxalmente, se por um lado vemos muitos setores evoluírem, por outro assistimos a estagnação dos sistemas políticos, resistentes à inovação. Visitando a história universal por várias épocas, constatamos que pouco se evoluiu nesse campo, os conluios, negociatas, práticas de clientelismo, traições, entre outros, prevalecem até os dias atuais. Na gestão pública, salvo alguns poucos casos, há resistência na modernidade, principalmente no nível municipal. Algumas prefeituras atuam como se ainda estivessem no século passado.

O Kaizen não está voltado somente para as organizações, pode ser aplicado também no âmbito pessoal, dependendo, claro, muito mais do querer do que do poder. Aspectos como personalidade, caráter, cultura, podem ser empecilhos para a inovação pessoal. René Descartes (1596 – 1650) já orientava como encontrar o caminho para a evolução, ao dizer: “Conquiste-se em vez de conquistar o mundo”.

Como o sistema Kanban, que revolucionou as linhas de montagem de veículos, a filosofia Kaizen pode revolucionar os tempos modernos em todos os segmentos.  Encerro com uma mensagem do filósofo Mário Sérgio Cortella: “Faça o teu melhor na condição que você tem, enquanto você não tem condições melhores para fazer melhor ainda”.