Ninguém gosta de errar. Estar errado é desagradável, mas também é inevitável. É da natureza humana equivocar-se, dada a nossa imperfeição, mas é impressionante como ainda não nos acostumamos a isso e não desenvolvemos a postura correta para lidar com as falhas que cometemos.
É curioso notarmos que, quando crianças, simplesmente não nos preocupamos em errar numa determinada tarefa ou empreitada. Munidos do ímpeto e do desejo de conhecer mais (d)o mundo, vamos lá e fazemos o que bem quisermos. Com o tempo, porém, essa espontaneidade some: pais, professores, familiares e adultos no geral começam a nos podar em algumas áreas, acreditando que estão nos moldando corretamente quando, na verdade, muitas vezes apenas estão introjetando em nosso ser os seus medos. “O homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe”: esta frase, nesse contexto, possui bastante sentido.
Só se dá ao luxo de errar quem toma a iniciativa de enfrentar o desconhecido. Aquele que permanece na mesmice, acorrentado em uma falsa sensação de segurança, torna-se menor do que a própria sombra por jamais dar um passo que transcenda as suas fronteiras físicas e psicológicas. É por isso que eu acredito que errar é um privilégio para poucos, pois a maior parte dos indivíduos não está disposta a realizar um deslocamento de si tão profundo e, inicialmente, tão desgastante. É notório como o ego condena e castiga aqueles que não querem ser contrariados.
Todo fracasso precisa ser parabenizado. Um indivíduo deveria muito mais ser reconhecido por suas investidas falidas do que por aquelas bem sucedidas. Fulano conseguiu a aprovação num acirradíssimo concurso, enquanto Beltrano deu com os burros n’água ao investir num negócio que não foi adiante. Se Beltrano for minimamente inteligente e desenrolado, saberá reconhecer onde errou, corrigirá a sua trajetória, unirá-se com quem pode vir a somar, logrará êxito nas suas atividades e terá mais experiências de vida do que muitos pares de sua geração.
Um erro bem (e rapidamente) consertado te impulsiona. Desgraça real é desistir antes do primeiro passo, sendo derrotado pelas próprias armadilhas da mente (eis o instante onde o seu único inimigo é você próprio). O resto é o resto, percalços comuns da vida. Todos nós temos trajetórias singulares e ninguém nasce tendo em mãos o manual da vida com detalhes sobre o passo-a-passo a ser tomado desde o início até o fim da existência.
Jamais se esqueça: falhar é um privilégio de poucos, de quem realmente faz por onde e busca se superar. Parabéns por fracassar!

