Biólogas lançam livro após seis anos de pesquisa na Restinga de Massambaba, na Região dos Lagos
Obra contém rico acervo fotográfico da área de preservação ambiental
Foi “trabalho de formiguinha”. Ao total, seis anos de incansável observação e pesquisa. Objetivo: catalogar a vida numa área de preservação ambiental que vai de Saquarema a Arraial do Cabo. Deu livro.
Com texto de Solange Brisson e fotografia de Bruna Pozzebon, ‘Restinga de Massambaba – Os Matos e Seus Insetos’ foi lançado pela Sophia e está disponível no site da editora no formato e-book.
De acordo com Solange, a obra começou a ser produzida em 2007. Naquele ano, as pesquisadoras testemunharam o corte de casuarinas – árvores típicas da região – do entorno da Álcalis, em Arraial do Cabo. Sobre esse tema, as duas têm outra obra publicada, também pela Sophia: 'Casuarinas da Região dos Lagos – Mitos & Fatos'.
– Resolveram cortar as árvores do entorno da Álcalis alegando que as mesmas eram prejudiciais à natureza. Foi aí que eu resolvi interceder em favor dessas casuarinas e observar as árvores mais de perto – conta a autora.
O processo de observação durou cerca de 6 anos. Ao longo do período, outras coisas foram descobertas no local da pesquisa de campo.
– Independente das casuarinas, qualquer coisa que chamava a nossa atenção, a gente fazia questão de registrar. Esta brincadeira rendeu cerca de duas mil fotos – ressaltou a bióloga.
A fauna na restinga também foi registrada. A partir daí que surgiu a ideia de elaborar um livro mostrando para a população aquilo que resta na área, que vem sendo devastada com o decorrer dos anos.
Ainda de acordo com a escritora, o livro serve de alerta para as pessoas abrirem os olhos sobre o resultado da especulação imobiliária e de invasões ilegais de terra.
– A verdade é que a restinga está acabando. Como sou bióloga, acho um verdadeiro crime aquilo que estão fazendo com ela. Fiz um juramento de proteger a vida e estou tentando dar voz aos seres vivos que não têm voz – ressalta Solange.
Das 33 ordens de insetos que existem no mundo inteiro, 13 delas foram observadas na restinga.
Brisson afirma que o local é importante para todo o ecossistema e que merece ser preservado e utilizado por um turismo ecológico.
– A maioria dos animais vertebrados outrora existentes já se extinguiram ou estão em número muito reduzido. Os insetos podem ir para o mesmo caminho. Quem desejar preservar este meio ambiente único precisa saber o importante papel que esses pequenos seres tem para mantê-lo vivo – conclui a autora.