Estudo do INEA propõe o fim das casuarinas
No Parque Estadual da Costa do Sol, grupo irá plantar espécies nativas no lugar da planta exótica
ALEXANDRE FILHO
Um grupo do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) está realizando estudo em diversos pontos doma Parque Estadual da Costa do Sol para controlar o avanço das casuarinas sobre as áreas de restinga do parque. Há um ano trabalhando no projeto, os profissionais pretendem retirar aos poucos a espécie exótica da região e em seu lugar replantar espécies nativas, em um trabalho longo e que conta com especialistas de diversas áreas envolvidos.
Em diversos pontos onde há vegetação na Região dos Lagos, elas estão presentes. A casuarina, planta nativa da Australásia e ilhas do Pacífico Ocidental, está hoje presente em diversos pontos de vegetação em região, principalmente nas áreas de restingas. Segundo o coordenador de guarda-parques do Inea e um dos envolvidos no projeto, Daniel Malusà, a presença da planta como uma espécie exótica em áreas de restinga impede o crescimento e desenvolvimento de outras espécies nativas, e por esse motivo o trabalho foi iniciado.
– Por ser uma espécie invasora, a casuarina cria dificuldade para que as plantas nativas se desenvolvam no local. Dessa forma, se continuar do jeito que está, logo teremos um “deserto de plantas nativas”. Então a ideia é substituirmos ela. A restinga é pouco estudada, então queremos criar um banco genético de plantas, preservando elas para o futuro, para quem quiser realizar pesquisas e estudo mais para frente – explicou.
O trabalho, porém, não será tão fácil e rápido como uma simples troca. Primeiramente, será necessário ao grupo de trabalho fazer um banco de dados com as sementes das espécies nativas das restingas, e só então eles poderão começar a remover as casuarinas, tudo para que não aconteça uma erosão no solo do local.
– Estamos tentando entender a melhor forma de manejar essas espécies nativas e realocá-las, e chegamos a conclusão que replantá-las sem recompor o solo não vai adiantar nada. Estamos criando um banco de sementes para fazer esse reflorestamento. Nas áreas que vamos trabalhar no parque vamos plantar aroeira, clusia, abajerú, pitanga e camboim, que são plantas que têm grande utilidade para as pessoas, que inclusive as cultivam. Quem tem esse conhecimento ajuda a preservá-las porque sabe a importância dessas plantas – disse.
De acordo com Daniel, o grupo de trabalho (GT) localizado em Cabo Frio, faz parte de um projeto ainda maior e que abrange todo o Estado do Rio de Janeiro. Contando com o apoio de profissionais de diversas áreas oriundos da Gerência de Serviço Florestal, do IFF, IFRJ e outros órgãos envolvidos, o GT está atualmente fazendo um levantamento das áreas que precisam ser remanejadas dentro do Parque Estadual da Costa do Sol. Segundo ele, em cada uma dessas áreas o trabalho será feito de uma forma diferente, por conta das características distintas de cada um.
Além disso, os profissionais também estão realizando a coleta de sementes para o banco de dados, que deverá ser feita ao longo de todo o ano. Somente quando tiverem o número adequado de mudas maduras é que os especialistas começarão o remanejamento das plantas nas áreas afetadas pela casuarina, em um longo processo.“É um trabalho contínuo”, disse Daniel. Porém, graças a alguns parceiros, Daniel explica que algumas ações pontuais já foram possíveis.
– Ainda vai demorar um pouquinho para que comecemos de fato a remanejar as plantas. Por enquanto, estamos coletando as sementes.
Bióloga critica retirada
A bióloga Solange Brisson, coautora do livro ‘Casuarinas da Região dos Lagos – Mitos & Fatos’, lançado pela Sophia Editora, vê com preocupação a possível retira da espécie, que, segundo ela, não é nociva ao meio ambiente.
– Essa árvore [a casuarina] está prestando um serviço de recuperação de solos das salinas desativadas. Retirá-las é um contrassenso. Um desserviço à natureza. Uma coisa que jamais deveria ser feita. Se fosse ela impedisse alguma coisa, a restinga inteira já teria virado uma floresta de casuarina – opina Solange Brisson.