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​Futuro secretário de Fazenda antecipa que adotará austeridade para reduzir gastos

‘Vamos ter que cortar na carne’, diz Antônio Carlos Nascimento Vieira

14 JUL 2018 • POR • 08h43

É baseado na clássica equação das finanças, de equilibrar receitas e despesas, que o futuro secretário de Fazenda de Cabo Frio, Antônio Carlos Nascimento Vieira, conhecido como Cati, pretende dar os primeiros passos da sua gestão à frente da pasta. Em entrevista à Folha, ele afirmou são necessários apenas 700 dos atuais 1.546 comissionados da máquina pública municipal, mas deixou claro que a decisão de exonerar o excedente será do prefeito eleito, Adriano Moreno (Rede).

Com cerca de 30 anos de experiência no mercado financei- ro, Cati trabalhará pela primeira vez no setor público, mas está confiante no sucesso da empreitada. O novo gestor elogiou ainda o antecessor, Clésio Guimarães Faria, e confirmou que pediu para que ele ficasse por mais um período para ajudá-lo. – Ele vai ficar comigo até o dia 30 e me ajudar como tem me ajudado em tudo – comentou.

Folha dos Lagos – Como projeta seu trabalho na secretaria de Fazenda?

Antônio Carlos Vieira – Como sou um profissional que estou há 30 anos no mercado financeiro, apesar de ser formado em Engenharia Mecânica, o doutor Adriano me incumbiu de fazer duas coisas básicas: austeridade no aumento das receitas e na diminuição das despesas. Principalmente na folha salarial, que está muito acima da meta de Responsabilidade Fiscal, que é 54% e estamos com 66%.

Folha – O município está com muitas dívidas?

Antônio Carlos – O município realmente está atravessando uma fase difícil, com muitas dívidas: de cerca de R$ 150 milhões em precatórios, de R$ 300 milhões do INSS, R$ 30 milhões do Ibascaf. O município está muito endividado e com a receita baixa. Mas eu prefiro pensar de outra forma e, em vez de ser um profissional pessimista e ‘reclamão’, ser um profissional otimista e dedicado. Quero dizer à sociedade cabofriense que vou me esforçar ao máximo para cumprir todas as determinações que o Doutor Adriano me incumbiu.

Folha – O que pretende fazer para reduzir despesas?

Antônio Carlos – Hoje, a principal despesa da nossa administração é com pessoal. Então a gente precisa cortar na carne esse mal. Cortar na raiz. Agora, com a posse de doutor Adriano, em que todos os comissionados e contratados serão automaticamente exonerados, conforme a lei, a gente tem a obrigação de enxugar a folha. A gente entende que são famílias e que a prefeitura realmente é o grande empregador das cidades do interior, mas precisamos cortar na carne e desligar vários funcionários. Temos 1.546 comissionados, quem vai resolver é o Dr. Adriano, e eu não gosto de me expor nesse sentido. Entendo que, pelo que conversei, com 700 comissionados a prefeitura anda bem. Então, acho que a gente vai ter que cortar os comissionados pela metade. Infelizmente, não é uma coisa do nosso agrado. Somos cidadãos do bem, a gente quer o bem da população e do servidor público, logo, cortar as despesas esse é o caminho mais imediato para a gente.

Folha – E como pretende aumentar as receitas?

Antônio Carlos – Vou tentar alguma forma de melhorar a receita com os royalties. Vou fazer um estudo profundo, de todo o conceito e de toda a distribuição para eu entender porque Cabo Frio ganha R$ 200 milhões e Maricá ganha R$ 600 milhões. Vou fazer um estudo detalhado de toda esse mecanismo de distribuição de royalties no Estado e também ser mais austero na cobrança do IPTU e do ISS. Ter dedicação, trabalho e honestidade é o que eu vou fazer para tentar melhorar a receita do município. 

Folha – Como está a situação na secretaria de Fazenda? Vai mesmo ficar com a maioria dos funcionários?

Antônio Carlos – Na secretaria da Fazenda, a gente encontra uma situação bem equilibrada pelo que pude observar. O Clésio é um grande profissional, extremamente competente, e um ser humano incrível, maravilhoso, um homem de Deus. Nossa transição está muito transparente e equilibrada. Ele me coloca tudo, me ensina o que eu preciso aprender e eu tenho que aprender muita coisa com ele mesmo porque é um excelente profissional, muito experiente. Com relação às pessoas, parece que a secretaria tinha 134 funcionários e hoje está com cerca de 70. Então está bem equilibrado. Não penso em fazer grandes mudanças no pessoal. Já estive em todos os setores, pedi tranquilidade, paz no coração das pessoas porque são seres humanos, pais e mães de família, que merecem o nosso respeito. A princípio, não vamos mexer em ninguém. A gente não veio para caça às bruxas, perse- guir ou repudiar alguém. A gente está valorizando o técnico e o bom profissional.

Folha – O senhor confirma que o Clésio vai continuar por um período na secretaria?

Antônio Carlos – Clésio vai me ajudar. Ele se comprometeu a ficar comigo até o dia 30. Ele vai me ajudar como tem me ajudado em tudo. É uma excelente pessoa. Futuramente, se tiver uma oportunidade e ele quiser, gostaria até que ele continuasse lá, em alguma área da secretara para continuar essa proximidade e essa ajuda que ele tem me dado.

Folha – Quem é o Cati? Apresente-se à população. Antônio Carlos – Eu trabalho no mercado financeiro há 30 anos, sempre no setor privado e em bancos de investimentos. É minha primeira vez no setor público, mas eu acho que o mercado financeiro me credenciou para aprender com alguma facilidade todos os meandros da política pública. Acho que vou conseguir desempenhar essa função com eficiência e tranquilidade e cumprir as funções que Doutor Adriano me determinou.  

 

*Foto: RC 24h