Banda Santa Helena completa 80 anos de muita música e tradição
No próximo dia 7, ritual de homenagem aos falecidos será novamente repetido
Após um período afastado, maestro Jesse Menezes (ao centro) está de volta na data especial
Há 80 anos o cenário se repete: moças, rapazes, adultos e crianças param para ver a banda passar – no caso, a Banda Santa Helena que, neste 7 de setembro completa mais um ano de fundação. E como tradição é tradição, os cerca de 20 músicos se reúnem para tocar em frente à sede, na 13 de Novembro, centro, para depois irem em direção ao cemitério Santa Isabel. Todos os anos o cortejo se repete e eles vão homenagear “os que já se foram”, como relembra o maestro Jessé Menezes que, após um período de afastamento, retorna a Banda neste 7 de setembro.
As razões da homenagem se encontram em um dos episódios mais marcantes da Banda Santa Helena. Em uma determinada ocasião, eles foram tocar em uma procissão em Iguaba e aconteceu um trágico acidente – um ônibus que ia pro Rio de Janeiro atropelou os músicos durante a apresentação. Alguns ficaram seriamente feridos e isso acabou fazendo com que a banda suspendesse as atividades por alguns meses. E quando voltaram a tocar, em um 7 de setembro, um diretor sugeriu que fossem tocar no cemitério para agradecer a músicos e diretores que um dia deram a sua contribuição a banda. E assim o fazem até hoje.
Um dos túmulos que os músicos reverenciam é o do saudoso Mureb Pereira Mureb. Dono de uma torrefação de café na Rua Bento José Ribeiro (onde hoje funciona o restaurante Paladar), ele abria o estabelecimento à noite para dar lugar aos ensaios da Banda Santa Helena quando a mesma não tinha sede. A concentração acontece a partir das 8h no Feriado da Independência. Depois do desfile até o cemitério e das homenagens, a Banda Santa Helena volta para o centro, passando por diversas ruas, com paradas estratégicas em frente à casa de alguns ex-presidentes.
– A gente queria fazer uma grande festa, mas a crise não permite. Mas vai ter música e homenagem – disse o maestro Jessé.
Fundada em 7 de setembro de 1937, a “Furiosa”, apelido dado a Banda, tem um lugar cativo no coração dos cabofrienses pois, além de tudo, é onde muitos músicos da cidade começaram a tocar. Ensinar música, aliás, é também uma das tradições pois há anos a Banda oferece aulas gratuitas para crianças.
– Além de ensinar as crianças, a gente fornece instrumentos. Quanto mais cedo a criança começar, melhor. Mas tem que saber ler e escrever porque eles aprendem teoria musical primeiro. Temos essa vontade toda de ensinar de graça porque precisamos dar prosseguimento à história da Banda. As crianças são os músicos de amanhã – finaliza Jessé.
A escola fica na sede da Banda (Avenida 13 de Novembro, 282, Centro).