Setor de vestuário é o 'queridinho' dos empreendedores na região
Para vencer crise, cabofrienses se lançam nos próprios negócios
A microempresária Dândara Jotta diz que tino comercial vem da mãe
A turbulência financeira e a onda de desemprego vividas pelo país têm obrigado muitos brasileiros a buscar no próprio negócio uma forma de sobrevivência e, se possível, até mesmo de prosperar. Na Região dos Lagos não tem sido diferente. Somente em Cabo Frio, segundo o Portal do Empreendedor, do Governo Federal, estão cadastrados 13.966 microempreendedores individuais (MEI).
Em São Pedro, são outros 6.020; em Búzios, 4.016 e em Arraial do Cabo, 2.366 as pessoas que passaram a ser ‘donas dos seus próprio nariz’, ou melhor, dos próprios negócios. Por mais contraditório que pareça, para a coordenadora regional do Sebrae na Região dos Lagos, Ana Cláudia Vieira, o ambiente econômico hostil é o que tem estimulado muita gente a investir tempo e dinheiro na busca por uma solução financeira.
– É muito pela necessidade sim. Tem a falta de emprego e a crise econômica. Isso tem movido as pessoas a empreender seu próprio negócio – confirma.
Ainda segundo levantamento realizado no Portal do Empreendedor, na região, o setor de vestuário lidera entre os negócios escolhidos pelos MEIs. Somente em Cabo Frio, são 1.070 microempresários nesse ramo. Destacam-se ainda os segmentos de alimentação, salão de beleza, obras e reformas e fornecimento de refeições em domicílio. Especificamente em Búzios, o ramo de hospedagem de baixo custo também está em expansão.
Dona de uma loja de roupas na Avenida Nilo Peçanha, a microempresária Dândara Jotta, 32, disse que não se preocupa com a concorrência acirrada no seu nicho de mercado. A bacharel em Direito, que jamais exerceu a profissão, explica que vive altos e baixos, mas acredita que a competição é saudável.
– Tem espaço pra todos e cada um tem o segmento diferente do outro. Até porque a concorrência é boa, pois te obriga a aprender e mudar. Isso te ajuda – garante ela, que afirma ter herdado o gosto pelo comércio da mãe.
Por sua vez, para a bióloga Márcia Gonçalves, 35, a mudança de ramo foi questão de sobrevivência. A ex-funcionária de uma multinacional e ex-professora da rede municipal de Arraial do Cabo viu no aluguel de um quiosque numa galeria na Avenida Francisco Mendes a oportunidade de dar uma guinada profissional e permanecer na região. E assim, há quatro meses, mergulhou de cabeça na administração de uma cafeteria.
– Caí aqui meio de paraquedas (risos). Não tinha experiência com venda. A dificuldade das cafeterias é ter um público restrito, não ter uma clientela muito grande. Recentemente abriram outras três no Centro. Mas me adaptei bem. A gente tem que estar disposto a fazer qualquer coisa que seja prazeroso e melhor – ensina, ao falar da reinvenção profissional.
Confira abaixo os segmentos de maior atuação dos microempreendedores individuais na região (os cinco primeiros em cada cidade):
Cabo Frio 1 – vestuário 1.070
2 – salão de beleza 974
3 – obras e reformas 705
4 – alimentação 553
5 – fornecimento de refeições 533
Total 13.966
Búzios 1 – vestuário 340
2 – alimentação 211
3 – salão de beleza 205
4 – hospedagem de baixo custo 166
5 – fornecimento de refeições 126
Total 4.016
Arraial 1 – vestuário 232
2 – salão de beleza 140
3 – alimentação 116
4 – fornecimento de refeições 110
5 – obras e reformas 110
Total 2.366
São Pedro 1 – vestuário 340
2 – salão de beleza 211
3 – obras e reformas 205
4 – alimentação 166
5 – fornecimento de refeições 126
Total 6.020
(*) Dados do Portal do Empreendedor do Governo Federal.