Após delação de dono da JBS, povo quer voltar às urnas
Ouvidos pela Folha querem saída imediata do presidente Michel Temer
No ponto de táxi, na padaria da esquina, nas rodas de conversa pela cidade, o assunto foi um só: a possível saída de Michel Temer da presidência da República. Apesar de ignorar o impacto dos escândalos do vazamento das delações que o incriminam, o presidente foi enfático e diz que não renuncia. Mas nas ruas de Cabo Frio, o clamor popular é pelo afastamento imediato dele e a convocação de novas eleições.
O taxista Carlos Costa, 42 anos, estava com os olhos grudados na televisão no ponto de taxi da Praça Porto Rocha. Segundo ele, esse foi o assunto dominante entre os colegas de profissão no dia de ontem e todos falaram em novas eleições.
– O melhor é ele sair da presidência. O problema é que ele sai e entra outro e é tudo farinha do mesmo saco. Ele tem que sair e tem que ter novas eleições diretas - declarou o taxista que ressaltou que não acredita que Temer vá renunciar.
Ligado nos assuntos políticos do dia, o cozinheiro Luis Carlos de Jesus, 32 anos, diz que o país está uma bagunça, mas ainda acredita que o poder emana da povo e ele que tem que escolher quem vai governar o Brasil nos próximos anos.
– Neste exato momento as opções para votar são poucas, mas o povo tem que escolher. Dilma já saiu e esse aí está aprontando, quero que ele saia, ainda mais com essas mudanças que ele quer fazer nas leis trabalhistas. E tem que ter nova eleição. Mesmo que a gente erre de novo, a gente tem que tentar. Do jeito que está, não dá - enfatiza o cozinheiro.
Da mesma opinião é a Auxiliar de Serviços Gerais, Isabela Pree, de 22 anos.
– Ele tem que sair e não era nem para estar ali, foi golpe. Nunca foi apto para estar ali e o Rodrigo Maia é outro inapto. É fundamental que tenha eleição direta - finalizou.
O professor André Marzulo, 44, voltou um ano no tempo, na época do afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff, para justificar sua opinião.
– Quando fizeram o impeachment da Dilma, deveriam ter afastado a chapa inteira. Ele nem deveria ter entrado. Vice só deveria entrar em caso de morte do presidente – disse
A chance de uma escolha indireta por meio de Colégio Eleitoral no Congresso também não anima nem um pouco o cozinheiro Marcos Antônio, 47.
– Tem que haver nova eleição. O povo vai reconhecer quem tem que botar lá dentro. O Temer já estava lá e mesmo sabendo de toda a situação deixaram ele lá. Botar outro deles é que não dá – diz.